O Cantico dos Canticos
livro "Vilhena"
Em tempos que já lá vão
Na velha rua das Trinas,
Entrava-se por um portão
P´ra uma casa de meninas.
Foi ali que debutou
A heroínas desta história,
Que no fado se finou
(Deus a tenha em sua Glória).
Chamava-se Sulamina;
E as doces carícias dela
Levavam os homens ao céu
(Afirmava a clientela).
Quando veio aquele decreto
Liquidando lupanares,
Mudou-se p´ra poiso incerto;
Passou a viver nos bares.
É bela a vida dos bares
"Boites" e cabarés;
Mas, fazer ofício disso,
Muito agradável não é.
Veio-lhe um dia a ambição
De ter a sua casinha,
Com cama para dormir
Onde dormisse sòzinha.
E ter um colchão de molas,
Garda-fatos e psiché;
Esquentador e fogão,
Quarto de banho e bidé.
Não viver mais en pensões;
Acabar co´aquele fadário;
Ser dona de casa sua,
Montada por um otário.
Andava co´esta fisgada
Quando um dia encontrou
O banqueiro Salomão
A quem logo se atirou.
Combinaram encontrar-se,
Longe da vista das gentes,
Numa pensão "muito limpa,
Com águas frias e quentes".
E, já co´a determinação
De extorquir o dinheiro
Ao otário Salomão
Cantou-lhe o "Canto Primeiro".
Continua....