Contos e Lendas
O Castelo de Arminho
Quando, em 24 de Junho de 1158, D. Afonso Henriques tomou Alcácer do Sal aos mouros, cimentou o seu prestígio internacional.
Dois anos mais tarde, na cidade galega fronteiriça de Celanova, o monarca português entendeupor bem corresponder ao convite para uma cimeira com Fernando II, Rei de Leão, Estremadurae Galiza. Ora dessa reunião saíram importantes linhas para a jovem pátria portuguesa.
Uma vez regressado à sua corte, o português, que não anunciara entretanto qualquer resultado
Do que tratara, mandou chamar um dos seus melhores cavaleiros,
Nuno Mendes era o seu nome,
Um jovem que tinha amores com Urraca, de 13 anos, filha segunda do rei e de sua mulher, D. Mafalda.
Pois que lhe queria D. Afonso Henriques?
Incumbir Nuno Mendes de uma missão extremamente delicada.
Pondo-o ao corrente das combinações secretas em Celanova, o rei informou-o de que Fernando II se tornaria senhor dos já referidos três reinos e pretendia uma aliança com D. Afonso.
Não era estranho a isto o facto de o português ser um campeador no que concerne à conquista de território aos mouros.
Porém, D. Afonso Henriques explicou ao seu jovem cavaleiro que só aceitara o pacto com uma condição.
E sabedor por portas travessas dos laços de amor que o uniam à filha, cruelmente explicou-lhe que a condição fora o compromisso de casamento entre Urraca e Fernando II.
Assim não só lho comunicava como também o incumbia transmitir a sua decisão à rapariga.
Nuno Mendes estava visivelmente atrapalhado, mas foi forçado a fazer o que lhe era ordenado.
A infanta Urraca, apesar de tudo, acabou por obedecer ao pai, dispondo-se a casar com o primo
Fernando. Aliás, quando Nuno Mendes lhe começou a dizer que os encontros secretos entre ambos iriam acabar, ela mal entendera que o pai finalmente, aceitava a ligação.
Algum tempo mais tarde, D. Afonso Henriques, à frente de suas tropas, dispôs-se a tomar o mítico
Castelo de Arminho, ocupado pelos mouros.
Feito o cerco, defenderam-se os mouros dos ataques dos portugueses,
morrendomuita gente de um e do outro lado.
Então D. Afonso Henriques chamou o seu cavaleiro
Nuno Mendes e encarregou-o de ir parlamentar com o chefe mouro.
- D. Nuno Mendes, a missão é arriscada!
- Ordenai Senhor!
- Ide ao castelo e dizei ao alcaide que, se teimarem na luta e eu os vencer,
a todos passarei à espada! Ninguém ficará para contar!
E Nuno Mendes partiu à desfilada, interrompeu-se, tendo o cavaleiro entrado
Na muralha, acenando.
Garantiu ao rei que tal como lhe dizia o alcaide,
“o castelo se dá”. Aceitando a rendição, D. Afonso mandou hastear
a sua bandeira e respeitou os vencidos, e, em homenagem ao acto
o rei mudou o velho nome de Arminho por Seda (o castelo se dá)