Contos e Lendas
Chamusca – O Homem da Terra
Há pelo menos, três lendas como origem do topónimo Chamusca. Uma delas conta-nos que por estes lugares era tudo matas.
Procedentes do norte, chegaram uns viajantes cansados e com frio. Acamparam e fizeram as suas fogueiras. Adormeceram sem sentinelas, pelo que não deram pelo alastrar das fogueiras ao mato e quando despertaram, esta tudo aquilo a arder. Eles estavam cercados pelas chamas. E ergueu-se uma voz comum pedindo a Deus que lhes desse um bom fim. Então, uma pequena nuvem surgiu entre a fumarada e dela jorrou água até extinguir o incêndio. E a terra ficou a fumegar, queimada, chamuscada.
E Chamusca se passou a chamar. E no alto do monte mais próximo foi edificada uma pequena ermida dedicada aa Nossa Senhora do Bom Fim, a quem os dali atribuíam a salvação.
A outra lenda toponímica diz que, quando Santa Iria foi assassinada em Nabância, o seu corpo foi atirado ao rio Nabão, por onde foi dar ao rio Tejo. Passando o seu corpo envolto no seu escuro manto diante da Chamusca, os que o viram julgaram ser um saco de carvão e não lhe ligaram. Como castigo Divino, ficou que, os da Chamusca ficassem muito morenos de rosto, como da cor do carvão. Daí diz-se: «Chamusca, terra branca, gente fusca…
A terceira tradição
Diz que o nome da Chamusca, veio, isso sim, de Cham Busca (chão busca), porque Rui Gomes da Silva, príncipe de Eboli e duque de Prastana, retirando-se da corte de Filipe II, procurou o lugar ideal para se fixar e encontrou-o em Valverde, hoje as ruínas de Arício, que fora uma cidade romana e séculos depois uma boa quinta! Quem for à Chamusca procurará a ponte romana sobre o ribeiro Arraiolos, no vale do mesmo nome. Uns poucos metros abaixo dará com uma gruta. É a Cova da Moura. Pode entrar, a moura há muito tempo que lá não está, mas ali foi o lugar onde ela viveu
Sabem a lenda da Cova da Moura? Pois aqui está.
Tomados os castelos de Abrantes e de Almourol, as tropas de D. Afonso Henriques atravessaram o Tejo, e foram dar ao que hoje se chama Casal do Famão. Ali, estava uma atalaia moura de onde a sentinela comunicava com outra , situada mais além, no que hoje é Vale do Porco, e por aí fora. Os portugueses apanharam o mouro e obrigaram-no a dizer onde estava o rei. Logo que souberam, foram à desfilada até ao quartel, deles, aproveitando de uma construção romana. Houve uma batalha e o rei mouro de fugir com o resto dos seus homens. Afonso Henriques perseguiu-os, mas deixou um grupo de cavaleiros no quartel. Os deste grupo fizeram uma revista completa ao quartel e deram com uma porta secreta para uma cova. Abriram-na e ordenaram a quem lá estivesse que saísse. Saiu a princesa moura, lindíssima, que a todos deslumbrou pela beleza e pelas riquezas que vestia e com que se adornava. Quando a levaram ao rei, com os demais despojos, D. Afonso mandou entregá-la ao pai, dizendo que não precisava de reféns para ganhar batalhas. Mas foi tal a fama do achado que todos queriam ir ver o que chamavam a Cova da Moura.