Contos e Lendas
Alvíssaras, Alvíssaras – Alvito Baixo Alentejo
A uns 30 km de Beja, Alvito tem nos seus pergaminhoso facto de ter sido, aliás durante muitos anos, pousada real. De acordo com a Monarquia Lusitana, esta bela vila alentejana aparece, no reinado de D. Afonso III , a partir da Herdade de São Roque, que o rei doou ao seu chanceler e colaço D. Estêvão Anes em 1225. No entanto, como é natural, perante os numerosos vestígios aparecidos por aqui – desde moedas romanas a silos, lápides votivas e ruínas de edifícios – é de crer que a zona foi habitada em épocas muito mais remotas. E entre os seus filhos ilustres está o grande poeta que foi Raul de Carvalho, que num dos seus primeiros poemas publicados fez um fabuloso retrato da sua terra natal.
A vida de Alvito, tem ruas e praças
Homens e mulheres e muitas desgraças
A vila de Alvito, tem dois lavradores
Tem muita riqueza e raros amores.
A vila de Alvito, tem uma cruz ao lado
Quem manda na vila não lhe dá cuidado
Malteses, ganhões, sangue misturado.
Na vila de Alvito é que eu fui criado.
Um dos edifícios mais importantes de Alvito é o seu castelo, de toque amouriscado, que foi mandado edificar por D. João II, já destinado a paço realengo , mas apenas terminado no reinado de D. Manuel I.
Pois narra-nos a lenda que o nome da vila vem de um acontecimento ocorrido durante uma festa. É que havia nesse dia uma corrida de touros, e quando os homens os estavam a introduzir nos curros, uma das bestas escapou-se. Desatou o touro a correr pela povoação fora e atrás dele foram algumas pessoas. O animal, intuindo a proximidade da morte, corria furiosamente pelas ruas, arrastando tudo e todos. Como estava um dia deveras quente, pouco a pouco os perseguidores do animal foram perdendo as forças e desistindo. Por fim só ficaram dois homens, decerto mais resistentes w corajosos, que acabaram por capturar o touro quando este já se ocultara numa negra gruta. Levaram-no de volta à povoação, depois de terem descansado os três debaixo de um chaparro. Quando entraram na vila com o touro preso por uma corda, levaram-no até ao meio da praça gritando “Alvitre” “Alvitre”! que quer dizer “Alvíssaras”. Pois desta espécie de proclamação explica o povo, nasceu o nome de “Alvito”.