contador de visita

Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

http://joaoalegria.blogs.sapo.pt

<div id="sfc33p9rmnbqy98b4ahfpn4a6hu3sah3hg5"></div> <script type="text/javascript" src="https://counter8.stat.ovh/private/counter.js?c=33p9rmnbqy98b4ahfpn4a6hu3sah3hg5&down=async" async></script>

http://joaoalegria.blogs.sapo.pt

<div id="sfc33p9rmnbqy98b4ahfpn4a6hu3sah3hg5"></div> <script type="text/javascript" src="https://counter8.stat.ovh/private/counter.js?c=33p9rmnbqy98b4ahfpn4a6hu3sah3hg5&down=async" async></script>

Contos e Lendas

03
Mai23

Cabeceiras de Basto - “Até Ali, por são Miguel, Até Ali, Basto Eu”

Embora tenha mudado de sitio, Basto, lá está na Praça da República, em Cabeceiras de Basto, pela bizarria da composição da figura, é um dos curiosos monumentos de todo o País! Representa um guerreiro lusitano e, de facto, trata-se de uma dessas estátuas jacentes de figuras admiradas que se colocavam sobre túmulos. De granito, parece vestir túnica, exibe um escudo sobre a barriga, pendendo-lhe o punhal e a espada embainhados. Ora, a estátua foi alterada por duas vezes, pelo menos está datada de 1612  e de 1892. Acrescentaram-lhe, sempre de pedra, uma barretina, umas bigodaças e meteram-lhe meias e botas. No escudo, tem a inscrição”Ponte de São Miguel de Refoyos 1612”. Ora a lenda… A lenda do Basto é muito antiga! Vem lá do fundo dos tempos, quando o grande Império Godo soçobrava às investidas dos Mouros, que tinham como chefem um homenzarrão chamado Tarik. Galvanizados pelo somatório das terras conquistadas, pelas riquezas que iam reunindo e pela glória com que se cobriam como guerreiros, os Sarracenos espalhavam o terror, atravessando os campos hortícolas da Galiza!

Ora, as notícias, apesar de tudo, sobretudo as más, naqueles tempos também depressa se espalhavam. Pelo que não tardou que a fradaria do Mosteiro de São Miguel de Refojos tomasse conhecimento. Porém, mais habituados à paz, aquilo soava-lhes como algo com que eles nada tinham a ver. E a verdade é que os senhores frades não atribuíram grande importância ao que era voz corrente. Porém, Bracara Augusta, que corresponderia hoje à nossa Braga, acabou mesmo por cair nas mãos dos Mouros. Foi quanto bastou para que o Mosteiro de São Miguel de Refojos se preparasse ainda que precipitadamente, para a sua defesa.

Bem, não foi possível reunir mais de uma centena de homens de lavoura misturados com homens de armas, aliás quase todos de pouca preparação militar, foça esta que era comandada  por D. Gelmiro, o venerando abade de Refojos.

Ora, os resistentes constava Hermígio Romarigues, ainda parente do fundador do mosteiro que mais se destacava. E destacava-se  não só pelo seu porte avantajado, de grandes e possantes membros, rosto retalhado por mil golpes das escaramuças passadas, como pela habilidade e coragem na arte da guerra. Também era o único assim preparado.

Postado junto à ponte que dava acesso ao Mosteiro, ao aproximarem-se as tropas de Tarik, o Monge gurreiro estendeu a sua possante manápula, assegurando:

- Até ali, por São Miguel!, até  ali, basto eu! E é que bastou mesmo. Três vezes arremeteram os Mouros contra as defesas do Mosteiro, mas outras tantas foram repelidos pela espada de Hermígio Romarigues.

A ponte sobre a ribeira ficou atulhada de corpos e os chefes sarracenos tiveram que recuar. E se quiseram, mais tarde, avançar por aquelas terras, foram obrigados a tratar com D. Gelmiro de igual para igual, gorando-se, deste modo, a suposta intenção de arrasarem o mosteiro e decapitarem os monges. O gigantesco Romarigues, o Basto, bastou naquela emergência. Perigos passados para os seus irmãos de Refojos, o monge guerreiro seguiu para o reduto cristão situado nas Astúrias, de onde irradiava já a Reconquista Cristã a partir de Covadonga, sob o comando de Pelágio. Monges e criados, algum tempo  mais tarde, entenderam ser seu dever imortalizar  o feito de Hermígio Romarigues,  campeador na ponte de Refojos e nos confins asturianos. E lá terão feito esta estátua que vemos em Cabeceiras, ou aproveitaram alguma pedra trabalhada, antropomórfica,que encontraram a preceito. Porém, a lenda não esquece de lembrar que os frades de Refojos foram vencidos uma vez sem que alguém lhes valesse! E por uma mulher D. Comba, que levou a sua vingança a ponto de mandar pensar os cavalos dentro da própria igreja do mosteiro! Fidalga da Casa da Taipa, cruel, exigia que lhe fritassem  vivas as trutas acabadas de pescar no ribeiro próximo! E quando morreu, num estrondo, como um demónio, desapareceu do caixão em que a levavam a enterrar em Fafe! Dizem que todas as sextas feiras, bem de noite, o seu espírito anda  à volta da capelinha da sua casa.