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Contos e Lendas

01
Fev23

Carrazeda cde Anciães – A Senhora da Esperança

 

Uma mão-cheia de lendas? Pois vamos ver algumas ligadas à investigação arqueológica.

Pois, no que se refere ao castelo medieval de Carrazeda de Anciães, há muitos anos em estado de ruína, ainda que seja monumento nacional, conta-se que, «a meio do recinto fortificado, há vestígios de uma cisterna pou poço que comunicava por baixo da terra e do rio Douro com as ruínas de Freixo de Numão». Aliás, isto é frequente, sob a alegação da necessidade, em caso de cerco, os sitiados poderem abastecer-se de água ou darem de beber aos seus cavalos.

Já no lugar da Beira Grande, onde existe um castro e a Ermida de Nossa Senhora da Costa, há uma «lenda da moura encantada ligada à Fonte Santa, muito concorrida  de  enfermos para remédio de seus padecimentos, mas secou-se porque curaram nela as mataduras de um burro»!

Na freguesia de Linhares, a quatrom léguas de Carrazeda, há a figura de um porco de pé numa fonte de cantaria, à maneita de poço. É a Fonte do Porco. Pois no sítio de Vale de Abade, termo de Campelos, conta-se que um homem «viu figos a secar, e, querendo apanhá-los, converteram-se em bolas de ouro».

A um par de léguas da cabeça do concelho fica a freguesia de Seixo de Anciães. Exactamente no sitio conhecido por Calçadas, à beira do caminha que conduz ao Douro, há uma escavação semelhante a uma ferradura sobre uma pedra rectangular. E, perto da ferradura, está gravada uma cruz. Diz a lenda que «o Diabo, partindo das Calçadas montado no seu cavalo, desejando juntar-se ás feiticeiras que habitualmen te às sextas-feiras dançam pela meia-noite na fraga do Sívio ou Ôla, queda-d´água de mais de trinta metros de altura, um pouco abaixo da povoação do Pinhal do Douro, onde existem também sinais de ferradura do cavalo, deu um salto do dito caminho até ali, alcançando assim de um pulo seis mil e quinhentos metros que separa m os dois pontos»!

A três léguas  juntas de Carrazeda de Anciães, fica a aldeia de Vilarinho da Castanheira, cabeça de freguesia. Tem três antas no seu termo, e uma delas é conhecida como a Pala da Moura, situada no lugar do Couto, a três quilómetros do povoado. Em 1923, contavam-se-lhe oito esteios e a cobertura, a mesa, como ale lhe chamam. Pois, segundo a lenda, a mesa, calculada pelo arqueólogo Santos Júnior em 7.500 Kg, foi colocada na anta por uma moura, «que a trouxe de grande distância à cabeça, ao mesmo tempo que ia fiando uma roca e ampatava ao colo um filhinho». Comentava o referico invertigador que «o filho devia ir às costas da mãe, suspenso pelo seu xaile, e só assim é que teria os braços livres para poder fiar a roca. É o processo adoptado pelas mulheres mirandesas, ao conduzirem a junta das vacas e guiarem o arado, quando lavram a terra.