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Contos e Lendas

11
Mai22

Nossa Senhora das Neves

                                     

Na nova igreja matriz da antiga Praça Forte de Almeida há uma interessante imagem de Nossa Senhora das Neves. Quem não quiser pensar demasiado no assunto logo julgará que estas neves se referem a um qualquer episódio ocorrido num dos raros nevões sobre aquele espaço geográfico. E quanto se engana quem por aí andar com suposições! Pois as raízes da lenda remontam a 26 de Agosto de 1810, quando os franceses arrasaram a vila num cerrado fogo de bombas e canhoneio. E as explosões destruíram não só o castelo, abrindo incomensuráveis brechas na muralha, como derrubaram a sede da igreja almeidense.

Telmo Cunha, no seu romance “As portas da Cruz”, narra as infelizes circunstâncias do desastre militar e, no livro de narrativas Almeida, Estrela de Memórias, conta-nos a lenda de Nossa Senhora das Neves, trazendo-a  à publicidade após tantos anos apenas nos cavacos das lareiras. Pois Telmo Cunha conta que, logo depois da destruição da igreja e do castelo, os almeidenses quedaram-se como que órfãos desses dois decisivos sinais da sua identidade.

Deambulando entre os escombros, sentiam abatido o orgulho que sempre haviam patenteado. As ruínas levavam-nos a quere proceder ao despertar da vila traumatizada pela tragédia. Para eles avultava a ideia de remover os escombros e dar uma nova ordem à vila em cinzas.

«As ruínas magoavam intensamente os olhos e as almas dos que por perto passavam», contava Telmo Cunha.

Equipas de voluntários prestavam-se a recompor a vila. E uns tempos mais tarde ergueu-se todo o povo  que queria salvar a memória da sua terra. Limpar era a palavra de ordem. E para abrir espaço entre as escombreiras, atearam uma  boa fogueira com os materiais revolvidos tidos como  definitivamente inúteis, e a fogueira crescia, crescia…

E, de repente aconteceu. Aconteceu o quê? Pois um fenómeno testemunhado pelas largas dezenas de voluntários para a limpeza da vila. Ou isso consta assim na lenda. Pois não é que, e tomo a palavra de Telmo Cunha, «todos olharam, estupefactos, o céu plúmbeo e escuro, o sol primaveril havia desaparecido como por encanto, dando lugar a um frio cortante e inesperado que se entranhou fortemente nos corpos desabrigados. Atónitos e perdidos, todo viram cair uma neve alva e gélida que fez baixar imediatamente as impetuosas chamas do intenso braseiro, acabando por o apagar todo».

Acrescenta o escritor de Almeida: «Petrificados e sem fala, os Almeidenses notaram como sobressaia no meio do amontoado de destroços queimados e fumegantes uma imagem de Nossa Senhora pertencente à antiga igreja matriz.

A aparição provocou profundo silêncio, mas logo avançaram alguns a recolher a imagem chamuscada».

Demorou a regressar à matriz reconstruída de Almeida, pois houve que reconstruí-la, mas ainda hoje lá a podemos ver como ilustração desta mesma lenda.