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Contos e Lendas

12
Set23

Nelas – A Senhora da Tosse

 

A veneração da Senhora da Tosse, bem pode gabar-se de ser razão principal de uma aparatosa procissão e boa romaria com ares de feira. Na segunda feira de Páscoa. O seun cenário e lugar de Folhadal, no concelho de Nelas.

Vejamos então a lenda da Senhora da Tosse, tal como a conta José Pinto Loureiro (Concelho de Nelas, 1957, 2ª edição):

«Apareceram, não se sabe quando, três irmãs no olival de Santa Maria, ainda hoje conhecido por esse nome, junto do rio Mondego. Tinham todas o mesmo nome e combinaram separar-se no mesmo dia: uma ficou na Capela existente naquele olival, outra foi para a  Capela das Pedras Ruivas e a Terceira para a da Felgueira Velha.

Os moradores do Folhadal foram buscar várias vezes a primeira, que traziam para a povoação, mas no dia seguinte apareciaa novamente na capela do Oival de Santa Maria.Por fim trouxeram-na em procissão para a Capela do Folhadal, donde nunca mais saiu.

As três Senhoras teriam combinado ficar perto umas das outras para se verem mais frequentes vezes.

Ora, gente com problemas de garganta, sobretudo tosse e rouquidão, começou a afluir à Capela do Folhadal, obtendo as graças da cura. E os pagadores de promessas podem ver-se no dia da festa ou, mais discretamente noutras alturas menos concorridas andando de joelhos  em torno do pequeno templo.»

 

Contos e Lendas

12
Set23

Castanheira de Pera – Porque cantam os rouxinóis

Possivelmente, é pergunta que nenhum leitor fez:

«Porque cantam os rouxinóis?»

1 - Ora, até há uma lenda para responder a esta questão. Sentem-se por aí e escutem-na:

Pois era uma vez um rouxinol que num entardecer se perdeu de seu bando e fechou-se a noite sem que ele tivesse dado com os seus manos e primos. E lá foi voando até pousar na latada do passal. Como não era lido, não conhecia aquela história do melro que fez o ninho na horta do senhor Abade e ali adormeceu…

Como o melro, também o rouxinol adormeceu. Mas acordos com os primeiros raios de sol, é verdade, a manhã sorria-lhe e ele decidiu fazer o voo matinal, mas não conseguiu. Estava preso por uma gavinha, e preso ficou até que morreu. Ora, os outros rouxinóis deram por falta dele, e, depois de muita procura, lá deram com ele morto. Choraram-no porque eram todos muito amigos. No entanto os rouxinóis também pensam pelo que voaram para o cruzeiro ao pé da igreja, mesmo diante do passal. Aí deliberaram rogar a Deus, pelas cinco chagas do Filho, que lhes desse a faculdade de cantar. O Senhor meditou a situação e atendeu-os, com a única condição de que só cantariam hinos à liberdade. E durante muitos anos os rouxinóis cantaram sempre em liberdade.

 

2 - Agora, queiram ouvir a len da de São Domingos, tal como no-la conta Frei Luis de Sousa na sua obra sobre a ordem.

«e foi a razão de se edificar aqui, que, andando uma menina guardando gado, deu com uma imagem de vulto entalada entre dois penedos. E sem sa ber de que santo era, nem se era de santo, com m tanta simplicidade c continuava a fazer oração diante dea.

Vindo à noticia dos vizinhos e moradores da ribeira, acudiram a vê-la, e achando que era de São Domingos, nos sinais do hábito e insígnias que trazia consigo, edificaram-lhe no mesmo lugar uma pequena ermida, na qual fundaram depois a freguesia.

Porque, como da Ribeira a Pedrógão, de onde eram fregueses, há duas grandesléguas e de fragoso caminho, aproveitaram-se da comodidade, alargando a ermida».

3 - E sobre a lenda da Gestosa, ouçam os o que já Miguel Leitão de Andrade contava em 1629:«…e a mim me contou um capuchinho da Carnota, vira na sua cerca um sapo ir de saltos após um lagarto já como atordoado, o qual se subira em um pessegueiro e chegando o sapo, levantara a cabeça, e o bafejava inchando-se e vaziando-se e com isso caira o lagarto, em que logo o sapo se pegou e o comeu.

E uma tecedeira moça e valente no lugar da Gestosa, termo da vila de Pedrógão Grande, indo-se mirrando sem remédio, sem se poder sabe r a causa, se viu acaso defunto donde ela tecia, um sapo em um buraco, na raiz da parede que morta  tornou ela em si, a tecedeira a qual ela me contou»…

Contos e Lendas

11
Set23

Bragança – A Torre da Princesa

 

Vamos ao Castelo de Bragança, cuja torre de menagem é, desde 1936, museu militar. Já entre muralhas, olhamos em volta. Interessa-nos o lado norte. Aí, vemos, adossada à cerca, uma torre estreita e alta. É a Torre da Princesa, o cenário desta lenda, porque ela é já o que resta do paço do antigo alcaide. Convenhamos que também foi palco de outros tristes episódios, e nem todos lendários. Pudesse o leitor sentar-se nos degraus de qualquer das escadas de acesso às barbacãs enquanto vai consumindo a lenda. Assim, poderia distribuir a imaginação a seu gosto, não só pela referida torre, como pelas casas que faltam.

Bem, antes do mais, queiram ler uns versos se Cristóvão Aires:

 

Dizem que nessa torre majestosa

Do castelo fronteiro, uma princesa

Viu correr longos dias de tristeza!

Numa prisão estreita e silenciosa.

 

Decerto foi amada e foi formosa

E a roubou com tão bárbara crueza,

As alegrias vãs da natureza

Uma paixão fatal e desditosa!

 

Dirão: “Foi desgraçada!” E no entanto

Sabe Deus quanta paz, que doce encanto,

A solidão guardava para ela…

Vive-se mais da íntima ventura

E ama-se, bem melhor, com mais ternura

Na sublime tristeza de uma cela!

 

Não temos o nome da princesa, sabemos apenas que era órfã e vivia com um tio.  Muito menina ainda, apaixonara-se por um jovem nobre que nada tinha de seu e que nem se atrevera a esperar na cidadela bragançana que tivessem idade de casar. A rispidez do tio não admitiria reconciliação de classes económicas. Assim, os namorados juraram guardar-se um para o outro. E ele, apenas com 16 anos feitos, atirou-se para o mundo à procura de fortuna.

Dez anos se passaram sem que o moço aparecesse ou desse notícias. O tio queria, por força, casar a princesa com um moço seu amigo. Ela recusou de mau modo, e quando foi apresentada ao candidato, logo lhe disse que há muito amava outro e não desejava casar-se com mais ninguem. E depois a menina voltou-se para Deus, requerendo apoio Divino. Para a fazer mudar de ideias, nessa mesma noite o tio fez de fantasma e foi atormentar a princesa para que se casasse. Porém a noite foi trespassada por inesperado raio de sol que pôs à vista o miserável truque do velho a quem a sobrinha logo perdeu o respeito!

Retirou-se então a princesa para a sua torre. É essa que vos disse, ali a norte.

E nunca mais ninguém a viu. Nem o namorado da infância, que, apesar das juras, também nunca mais apareceu.

Contos e Lendas

11
Set23

Belmonte – A Senhora da Esperança

 

Vão a Belmonte, à capelinha da Senhora da Esperança, e leiam lá esta lenda.

É a aventura de um homem daquela vila chamado Manuel. Os apelidos desapareceram com o andar dos séculos. Ora, este homem combatia entre os portugueses contra a mourama.

Calhou, porém, que o regimento em que se integrava não só foi derrotado  como ele se perdeu dos seus e foi parar à costa. Ali, os Mouros o apanharam e o entregaram a uns piratas que o venderam-no mercado de escravos de Argel.

Dia e noite, Manuel trabalhava. Oprimiam-no as saudades da terra, mas ele entregava-se à oração e considerava os seus padecimentos constantes como expiação dos seus pecados. Orava em cada instante, murmurando as preces.

Passaram-se anos de cativeiro e ele resistindo a tudo. E um dia, um dos mouros que mandavam naqueles escravos chamou-o para saber que palavra era aquela que ele mais vezes pronunciava. De palavra em palavra acabou por ser Esperança. A Esperança de voltar para os seus. O Mouro riu-se, dizendo-lhe que tal  só era possível se ele pudesse nadar através dos mares.

Respondeu-lhe o cativo que confiava na Senhora da Esperança para o tirar dali. O Mouro chamou-lhe louco e tornou-lhe o cativeiro e o trabalho escravo ainda mais duros. De noite, passou a dormir dentro de uma arca amarrada com cadeados e ficava um mouro de sentinela para o que desse e viesse. Certa noite, Manuel foi acordado por uma voz muito doce, que se identificou como a Senhora da Esperança:

- Venho dizer-te que as tuas penas vão acabar hoje mesmo.

- Devo estar a sonhar Senhora. De qualquer modo, obrigado por me teres aparecido assim!

- Vou levar-te para a tua terra, para Belmonte!

- Quereis dizer que morri? Já sou, então, apenas um espírito?

- Vais atravessar os mares dentro dessa arca.

- Ah, Senhora da Esperança, como toda a gente vai ficar admirada quando lá chegar!

E a arca ergueu-se  do chão, arrombou portas, subiu aos, para espanto e medo dos Mouros, e desapareceu no horizonte. A sentinela foi avisar o chefe, que nem queria acreditar. E contou-lhe que ele parecia estar a falar com alguém dentro da arca. Que falara em Senhora da Esperança, o que deixou o chefe perplexo. E num sábado de Aleluia, em Belmonte, tocando os sinos, as pessoas dirigiram-se para a igreja. De repente, viram chegar pelos ares uma arca e pousar ali junto delas. Abriu-se a arca e apareceu o Manuel que eles julgavam morto na guerra há tantos anos!

Juntou-se a família, e ele contou quanto passara e sofrera ao longo daqueles anos e o milagre que a Senhora da Esperança lhe concedera. Logo a população decidiu fazer ali uma capelinha em louvor do acontecido. A capela lá está, e a lenda aqui a têm.

 

Contos e Lendas

08
Set23

 

Monção

 

Deu-la-Deu Martins

 

O Brasão das armas de Monção perpetua esta figura portuguesa do

tempo das guerras de D. Fernando, rei de Portugal com D. Henrique

de Castela, no longínquo século XIV:

Em campo branco, uma torre , no alto da qual emerge um vulto de

mulher, em meio corpo, segurando um pão em cada uma das mãos;

em volta a legenda: “Deus a deu - Deus o há dado”.

Pois esta é a história  de Deu-la-Deu Martins, a mulher do capitão-mor

de Monção, Vasco Gomes de Abreu, e dos actos de bravura que fizeram dela a heroína e o símbolo daquela vila nortenha.

Estava-se em guerra, como já disse.Vasco Gomes de Abreu ausentara-se em serviço do Rei de Portugale o adiantado da Galiza,

  1. Pedro Rodrigues Sarmento, general de Henrique de Castela, decidiu aproveitar a ocasião e pôr cerco a Monção

com um poderoso exército.

A vila aguentou o cerco apesar da falta de recursos de todo o género.

Os alimentos eram escassos, os homens válidos muito poucos.

Deu-la-Deu tomou o comando da praça e, durante todo o tempo

que durou o cerco, dirigiu os seus homens, lutou a seu lado nos momentos

de maior perigo, encorajou os vacilantes e desesperados, assistiu os feridos, fechou os olhos espantados de Céu e dor dos mortos. Desmultiplicou-se, sem um momento de desânimo, sem uma vacilação.

Porém, intramuros, esgotava-se tudo, lentamente; os recursos militares,

 a comida, os próprios homens e a coragem também.

O desespero descia sobre espíritos e corpos massacrados por dias e dias

de expectativa num lance decisivo.

E foi num desses momentos de desespero que, lúcida Deu-la-Deu

mandou recolher a pouca farinha que ainda existia a vila e com ela fazer alguns pães.

Os olhos famintos e desorbitados dos habitantes chisparam de ténue

mas selvagem alegria. O pão, o último naco!

Depois a morte, mas que interessa isso se ela nos espera

 Na mesma e nós estamos fartos de a esperar!Mas…

Prontos os pães, Deu-la-Deu subiu à muralha com eles na mão.

Chegou-se a uma ameia e jogou-os aos sitiantes, ante o espanto dos seus conterrâneos, sem forças para mais d9 que pasmo, gritando bem alto:

- A vós que não podendo conquistar-nos pela força das armas, nos haveis querido render pela fome, nós, mais humanos e porque graças a Deus,

Nos achamos bem providos, vendo que não estais fartos, vos enviamos

esse socorro e vos daremos mais, se o pedirdes!

Na verdade, também o inimigo tinha fome, muita.

Por isso, face aquele esbanjamento de pão, acreditaram na fartura

Dos sitiados e levantaram o cerco, partindo para terras de Espanha.

- É esta a historia de Deu-la-Deu Martins, a defensora de Monção.

Resta acrescentar que, depoisda sua morte, durante muito tempo,

Foi costume os vereadores do município irem até junto do seu túmulo

quando tomavam posse dos seus cargos.

 

Contos e Lendas

08
Set23

Lenda da Velha Porcalhota – Amadora

 

Ora então como é que a Porcalhota se tornou Amadora, sobretudo como é que apareceu aquele topónimo tão bizarro? E, depois, como é que os coelhos surgem nesta lenda?

Se formos a Pinho Leal, ficamos a saber que Porcalhota, é diminutivo de Porcalha, significando leitoa.

Em meados do século XIX,  esta terra pertencia a Benfica. Não eram mais que 359 casas e uma Ermida a Nossa Senhora da Conceição da Lapa. E havia Porcalhota de Cima e Porcalhota de Baixo, separadas por uma calçada. Pois a origem lendária da Amadora remonta ao século XIV, à Porcalhota que é o núcleo populacional mais antigo do espaço da actual Amadora.

Esse topónimo procedia do dono destas terras Vasco Porcalho, que também era alcaide de Vila Viçosa.

Na crise de 1383 – 1385, este fidalgo, como muitos outros da velha nobreza portuguesa, apoiou D. João de Castela como rei legítimo, o que mais tarde o obrigou a fugir do reino. Herdou-lhe as propriedades a filha, fidalga, a quem as gentes chamavam Porcalhota! Ficou assim a zona a chamar-se Terras da Porcalhota. Convenhamos, com Delfim Guimarães, que se tratava de um nome malsonante e arreliador! Mas, atenção tudo o que aqui se conta é do foro da lenda…

O século XVIII fez da Porcalhota uma zona de lazer da aristocracia sediada em Lisboa. Aqui se multiplicaram pequenos palácios em quintas de recreio. Nas, de repente, surge a verdadeira lenda desta povoação, que se ia compondo como um “puzzle” – chamada Pedro dos Coelhos. E para a escrever nada melhor que Júlio César Machado, que a divulgou no Diário de Noticias:

«Há tanto tempo já que aquela casa amanha os coelhos com proveito e glória que, em o dono da locanda indo chamá-los ao pátio, já eles vão por si mesmos em linha e oferecer as orelhas para levar o piparote e morrer.

Lê-se na parede “Antiga casa do belo petisco do coelho”: o trem para em frente, à sua porta vêem-se sempre mendigos. De um lado, tenda e balcão, do outro, uma nesga de caminho para a cozinha; ao fundo, uma porta para o quintal e outra para a casa onde se come. Na cozinha, uma velha, uma corcundinha e um rapagão esbelto e ágil» Júlio César Machado era um gastrónomo, e quando pincelava prosas assim, não se lhe podia ir à mão porque decerto acabara e comer uma refeição de lenda!

O Pedro dos Coelhos é a mais lendária figura da Amadora e o seu prestígio pede meças aos grandes cozinheiros da não menos grande Lisboa! Bastará chamarmos a testemunhar Mendonça e Costa, que em 1887, nas páginas da revista Ocidente, narrava que determinado indivíduo das bandas de Sete Rios comia em casa coelho em todas as refeições por imposição da mulher. Ora, farto daquilo, mudou-se para a Porcalhota e calhou-lhe sentar-se  à mesa do Pedro dos Coelhos. Diz o cronista, que o conheceu, que nesse dia o coelho soube-lhe a pouco!

Pedro Franco, se chamava o Pedro dos Coelhos, e terá nascido nos primeiros anos do reinado de D. Maria II, falecendo com sessenta e tal anos em 1906 ou 1907. Mas desde que enviuvou não foi mais o mesmo. Mas se morreu o homem ficou a sólida lenda!

Contos e Lendas

25
Jul23

Barcelos
Lenda da Capela das Cruzes
Barcelos é também uma cidade polarizadora das atenções de milhares de pessoas por altura da Festa das Cruzes.
Pois há uma lenda relacionada com a magnífica Igreja das Cruzes. Não exactamente com ela, que foi construída entre 1705 e 1729, mas com a anterior, do inicio do século XVI.
Pois a lenda conta-nos como um tal D. Pedro Marins, um fidalgo conquistador, tentou requestar a filha do sapateiro João Pires. E o homem foi tão insolente, que o sapateiro pregou um par de bofetadas que lhe ficaram marcadas na cara que lhe ficaram marcadas por muito tempo.
Pois deu-se o caso de a rapariga um dia ter ido à paria de Esposende recolher despojos de um naufrágio e trazer para casa o pedaço de uma cruz, que lançado pelo pai ao fogo, maravilhou as gentes ao ser projectada numa das ruas de Barcelos.
O fidalgote quis levantar o ovo contra o sapateiro, mas acabou por se render à realidade Divina.
Era então vê-lo ajoelhado pedindo perdão pela injustiça e comportamento que cometera e exortou os Barcelenses a erguerem a antiga Capela das Cruzes da qual a actual Igreja é sucessora.

 

Contos e Lendas

18
Jul23

São João da Pesqueira - A Lenda da Fraga do Sapatinho 

 

Na freguesia de Riodades, conta-se a lenda da Fraga do Sapatinho, que se refere a

São Gens, que viveu pelo século XII.

Este Santo é o padroeiro dos agricultores, e a sua imagem esá na capela de São Salvador

De Riodades.

Pois andava um dia São Gens a lavrar com uma junta de bois, quando lhe apareceu

um lobo. Com toda a desfaçatez, mesmo à vista de quem lavrava, o lobo comeu um

dos bois. Logo o Santo deitou a mão ao lobo e obrigou-o a emparelhar à canga

com o boi que lhe restava, continuando a lavrar!

São Gens é representado vestido de lavrador e com um boi e um lobo à charrua.

Porém, o São Gens de Riodades, tem uma mão a cobrir-lhe a cara por vergonha de ter batido na mãe! O povo da freguesia , cheio de boa vontade, fez-lhe uma capelinha no alto de um monte.

Porém, o Santo não gostou de lá ficar tão isolado, nem da própria capela. E um dia deu um salto para cima de uma fraga, onde deixou as marcas do calçado que levava pelo que passou a ser aquela a Fraga do Sapatinho. Diz-se também, que há marcas dos joelhos, dos cotovelos e da chifradura

do Diabo, numa enorme fraga do cume do monte do Ermo. Diz-se que certo dia o Diabo estava lá deitado ao sol quando por qualquer razão, teve de fugir. Tropeçou, caindo da tal fraga, onde ficou tudo gravado.

Contos e Lendas

12
Jul23

Benavente – Memorial de São Baco

Será que são Baco consta do vosso hagiológico?

Estão mais habituados a tratar com o velho Baco das videiras e dos vinhos mitológicos, não é? Mas acalmem-se que este São Baco ou São Máculo, foi um mártir efectivamente, cristão, disputadíssimo pelos povos de Benavente e de Salvaterra de Magos. Houve até um príncipe que ofertou ao convento de Jericó , em Benavente, a relíquia de um ossinho da cabeça de São Baco. E lá está também uma boa imagem dele, vestindo o hábito dos frades arrábidos. É o advogado das sezões, e o resultado é que a imagem tem tem as costas raspadas, pois há quem queira curar as suas maleitas fazendo uma mistela com pó do santo dissolvido em água. Até se dizia que curava o paludismo. E o problema é que se afirmava que quem se risse das propriedades curativas de São Baco sofreria  terríveis febres!

Mas vejams agora a lenda de São Baco. Pois um camponês prometera-lhe, como paga da sua ajuda a arranjar emprego numa quinta, levar-lhe um cacho das melhores uvas da sua colheita. E levou-lho, colocando-lho no altarzinho. E o cacho esteve meses ali, sempre em bom estado de conservação, como se não tivesse saído da parreira, diziam alguns. O pior foi quando o homem, por qualquer razão, foi despedido. Zangado, foi ao Convento de Jericó, entrou na igreja, direto ao altar de São Baco deitou a mão cacho e ali mesmo comeu as uvas!

Houve que visse este acto e o seguisse. Assim, soube-se que, quando ele entrou em sua casa, sentiu-se mal e acabou por morrer nessa mesma noite. Por isso, as pessoas dizem que aquilo foi castigo do mártir.

Em 1834, quando foram extintas as ordens religiosas e confiscados os mosteiros e conventos, ao ser destruído o de Jericó, a população de Benavente, foi lá buscar a imagem para a igreja matriz. E porque a imagem sempre tem mais de um metro de altura, levaram-na num carro puxado por uma junta de bois. Porém, a coisa complicou-se. Carregados com a imagem, os bois não conseguiam avançar. Mas quanto a recuar, isso pareciam fazê-lo até de bom grado

Furioso com o que lhe pareceu ser birra de São Baco, o campino que dirigia a manobra picou os olhos da imagem com o aguilhão e, como castigo, logo ali ficou cego.

Os de Salvaterra de Magos, vendo que os de Benavente não faziam deslocar o Santo, aí por meados do século dezoito foram eles a Jericó buscar a imagem de São Baco. Carregaram-na, é verdade, e avançaram com ela on seu bocado, sem que os bois  se mostrassem cansados. Mas aquilo foi ilusão de momento, pois num repente os bois pararam e o carro atascou.

Passou então por eles um velho de longas barbas que disse:

- Voltem os bois para trás que eles andarão até ligeiros. Doutro modo o carro nunca mais sairá daí! E assim foi, ficando no ar a dúvida se o velho teria sido o próprio São Baco.

 

 

 

 

 

Contos e Lendas

05
Jul23

A Moura e o Castelo

 

Sabe-se lá quando e por quem Alcoutim foi fundada! Mas sabemos que D. Manuel I lhe atribuiu foral, assim como temos conhecimento de que num dos mais pontos do concelho à ilharga do Guadiana, há vestígios de um castelo tão antigo que até se diz que foram os Mouros que o construíram.

Mas, segundo os entendidos, até poderá ser mais do passado.

Há, e é de supor que não lhes será desconhecido, que nesse local está encantada uma Moura.

É por isso que pela noite, mesmo com a ideia de que ela dispõe de um imenso tesouro,  não há quem se meta a galgar os 2 quilómetros entre Alcoutim e o que resta do seu castelo só para a desencantar!

E desencantar a Moura seira obra. Porquê? Ora quem o quiser fazer terá de lutar com um monstro, vencendo-o.

E onde é que estão os valentes?

Para maior precisão esclarecemos que bem próximo das ruinas do castelo há duas velhíssimas azinheiras.

Pois a Moura encantada, segundo a lenda, anda por ali pairando. E o candidato a desencantador terá de se apresentar a um 17 de Março, precisamente à meia noite, apenas armado de armas brancas – punhal, espada, assim. Então aparecer-lhe-á um monstro enroscado, um dragão ou uma serpente, mas de grandes dimensões e a soprar furiosamente. Ora, isto tem contribuído para dissuadir o desencantamento. E a pobre Moura lá vai sofrendo a cobardia das gentes, que nem sequer se lembram do tesouro que constitui a recompensa!

 

Pois temos mais material lendário sobre o castelo.

Conquistado este aos Mouros em 1240, o rei Sancho II ordenou a alguns cavaleiros que o ocupassem. Entre estes encontrava-se Rui Gomes, que, tomando a chefia, ordenou que fossem poupadas as vidas dos  Mouros achados ali dentro. Percorreu então todas as instalações, indo dar a uma sala onde se encontrava o ex-alcaide e a sua belíssima sobrinha.

Cumprimentaram-se.  O Mouro disse que a jovem era noiva do seu filho Hassan, que abandonara o castelo para não conhecer o peso da derrota. Bem, a lenda conta que Rui e Zuleima, assim ela se chamava, se apaixonaram ao primeiro olhar e viveram felizes uns meses. Isto até que, um dia, devido a um pressentimento de que poderia haver um mensageiro do rei para si no castelo. Rui Gomes deixou a Zuleima e cavalgou até lá. Ao chegar foi apunhalado por um mouro embuçado que não era senão Hassan a vingar-se. Mas caindo Rui Gomes aos pés do antigo noivo, assim caiu desmaiada Zuleima em sua casa. O mouro puxou-a para o seu cavalo e partiu a galope.

Porém o assassino foi visto por quatro soldados, que o perseguiram e, junto daquelas duas azinheiras referidas a pouca distância da fortaleza, lançaram-lhe as suas lanças e ali o mataram.

E é por isso que o espírito da Moura anda ali pelas azinheiras. E que há quem ouça um soluçar convulsivo, como se ela chorasse o seu amado Rui,