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Contos e Lendas

29
Nov23

Alcanene

Os Olhos de Água

 Naquele tempo, era assim:

Um pai rei impunha um casamento, e, mesmo tinha de cumprir-se:

Mesmo que a filha não gostasse do príncipe muito que lhe restava reservado!

Ora, a princesa desta lenda apaixonara-se por um rapaz pobre (cujo destino nem sequer fica registado na lenda…)

E, quando o pai lhe impôs o casamento, a jovem conseguiu fugir de casa, indo abrigar-se numas grutas

que há junto à nascente do rio Alviela.

Porém, o rei, hábil, não mandou soldados atrás dela, encomendou foi o trabalhoa uma bruxa que não tardou a localizá-la.

Embora não regressasse ao palácio, a princesa todos os dias era procurada pela tal bruxa, que lha acenava com outros pretendentes que o pai tinha para ela

E aquilo foi uma discussão que um dia teve fim.

Aconteceu quando o pai furioso, mandou o nome do que seria o derradeiro pretendente.

Tratava-se de um boi encantado na forma de um belo rapaz! E a princesa, uma vez mais recusou.

Queria o namorado pobre a mais nenhum.

Logo a seguir, o rei mandou à filha novo recado: “Como não aceitas nenhum dos pretendentes, arranjei a possibilidade de seres rainha do meu condado.Viverás eternamente nessas grutas, rodeada de bois e vacas, e as tuas lágrimas serão tantas e tão grossas que os teus olhos se tornarão enormes, e para sempre essas lágrimas regarão as terras do Alviela e darão de beber a animais e pessoas”.

Ah quem quiser respirar o ambiente desta lenda vá pois até à nascente do Alviela, aos  Olhos de Água.

Das lágrimas da morgadinha bebe água boa parte de Lisboa…

E reza outra lenda que quem beber água da Fonte do Vale casará na Louriceira, freguesia a pouco mais de uma légua de Alcanena. Porém agora, com a poluição, a água está imprópria para consumo.

Que bonito seria poder voltar a ter sentido aquela cantiga popular:

 

     Água fonte de vida

     Água da Fonte do Vale

     Água daquela vida

     Afasta a gente do mal.

 

Afasta a gente do mal

Diz o povo e tem razão

Se fores à Fonte do Vale

Deixas lá o teu coração.

 

Deixas lá o teu coração

À espera de companheiro

Fica-te escrito na mão

Casarás na Louriceira

 

 

Contos e Lendas

27
Nov23

A Fonte das Almas

 

Sobre a Fonte Santa de Alte, a norte de Paderne, concelho de Albufeira, consta que Estácio da Veiga (1836- 1891) põs a lenda em verso:

 

Era de Maio uma tarde

De tais flores perfumada

Que a virgem Mãe do Rosário

De tanto enlevo elevada

 

Junto à margem de um ribeiro

Céu e terra contemplava.

Nas águas que ali correm

Via-se Ela retratada.

 

E dos mirtais e roseirais

Que o ribeiro refrescava

Uma capela tecera

Para a Senhora da Orada.

 

Tecida que era a capela

Logo ali se ausentara,

Levando no seu regaço

O Filhinho de Sua alma.

 

Indo em meio do caminho

Grande calor apertava,

A água o Menino pedia,

Mas sua Mãe não lha dava.

 

Que dentre aquelas estevas

Olho de água não brotava.

Crescia sede, crescia,

E então a Virgem parava.

 

 

 

 

Lança olhos à ventura,

Vê uma rocha escarpada

Onde o sol dava de face

Com tal ardor que crestava!

 

Palavras que a Virgem disse

Logo pelo Céu entraram,

E o rochedo que as ouvira,

Em fonte se transformara.

 

O caso é que em bem pouco

Água tão fresca jorrava,

Que aos pés da Santa corria,

Como quem os pés beijava.

 

Bebendo que era o Menino,

Toda a fonte se cercava

De alecrins e mangeronas

E rosas de toda a casta.

 

Desde então, ficou a fonte

Chamada a fonte fadada,

Dera-lhe a Virgem três chaves,

Uma de ouro e as mais de prata.

 

Uma para ser aberta

Outra para ser fechada

E outra para ali guardar

Almas puras como a água.

 

Das almas que a Santa Virgem

Muitas vezes lá guardava,

Ficou o povo chamando

À fonte – fonte das Almas.

 

 

Contos e Lendas

27
Nov23

As Santas cabeças

 

Na ponta mais ocidental do Algarve, aí está p concelho de Aljezur. Da sua antiguidade dão noticia achados arqueológicos do paleolítico e elementos da cultura mirense (4.000 a. C), para além de descobertas de cerâmica grega. Pois na igreja matriz desta vila estão depositadas duas caveiras conhecidas como Sanas Cabeças. Um pouco de toda a região, ali afluem grupos de pessoas, padecendo de mordeduras de cães e outros animais, dores de cabeça e de dentes, males de coração e outros. Procuram lenitivo, cura. E aquelas relíquias são veneradas e dizem-nas milagrosas.

E a história vem do tempo do Rei D. Manuel I e do bispo do Algarve D. Fernando Coutinho. Pois então existiam no espaço geográfico deste concelho dois lavradores, João Galego e Pedro Galego, pai e filho, reconhecidamente trabalhadores, bondosos e justos. Porém, a fama deles cresceu quando começou a constar que apenas com o hálito curavam os doentes que junto deles acudiam. E deles restam a lenda e as Santas Cabeças de Aljezur, que continuam a ser veneradas. Mais recuada no tempo é a lenda da tomada do castelo de Aljezur, que, como a vila, foi fundado no século X pelos Árabes. A conquista cristã ocorreu exatamente no dia 24 de junho de 1249, reinado de D. Afonso III. Numa operação que começou muito de madrugada, cavaleiros da Ordem Militar de Sant’Iago comandados pelo seu mestre D. Paio Pires Correia, usaram um estratagema, contando com a traição – inconsciente? – de uma moura apaixonada.

A lenda começa no ano anterior ao da conquista, quando a moura Mareares, que tinha amores com um cavaleiro cristão, lhe contou que a 24 de junho os árabes não faltavam ao banho na praia da Amoreira. Ora, essa informação teve grande importância militar, pois, chegado aquele dia do ano seguinte, os cavaleiros da Ordem de Sant’Iago camuflaram-se com arbustos e, enquanto os guerreiros árabes se banhavam na longínqua praia, entraram  o castelo.

O castelo seria tomado ao romper da alva, e logo os conquistadores se ajoelharam para agradecer a Deus e a Nossa Senhora da Alva, ficando esta, e até hoje, como padroeira de Aljezur. Diz-se que a sogra do alcaide, uma velha cega, com a sua neta pela mão, andava a passear pelas muralhas àquelas horas do romper do dia. E a movimentação dos guerreiros cristãos abrigados nas ramagens chamou a atenção da menina que perguntou:

- Ó avó, as árvores também andam? E, mais a meio da manhã quando os árabes regressavam ao castelo após o banho ritual, foram surpreendidos e presos pelos homens de D. Paio, que os mandou acorrentar e levar para a zona sul do castelo. Aí impiedosamente o mestre de Sant’Iago mandou decapitá-los, ficando o local a denominar-se Degoladouro, sendo depois as suas cabeças lançadas  para a zona norte, para um sítio ainda hoje chamadoCabeças!