Contos e Lendas
Alcanene
Os Olhos de Água
Naquele tempo, era assim:
Um pai rei impunha um casamento, e, mesmo tinha de cumprir-se:
Mesmo que a filha não gostasse do príncipe muito que lhe restava reservado!
Ora, a princesa desta lenda apaixonara-se por um rapaz pobre (cujo destino nem sequer fica registado na lenda…)
E, quando o pai lhe impôs o casamento, a jovem conseguiu fugir de casa, indo abrigar-se numas grutas
que há junto à nascente do rio Alviela.
Porém, o rei, hábil, não mandou soldados atrás dela, encomendou foi o trabalhoa uma bruxa que não tardou a localizá-la.
Embora não regressasse ao palácio, a princesa todos os dias era procurada pela tal bruxa, que lha acenava com outros pretendentes que o pai tinha para ela
E aquilo foi uma discussão que um dia teve fim.
Aconteceu quando o pai furioso, mandou o nome do que seria o derradeiro pretendente.
Tratava-se de um boi encantado na forma de um belo rapaz! E a princesa, uma vez mais recusou.
Queria o namorado pobre a mais nenhum.
Logo a seguir, o rei mandou à filha novo recado: “Como não aceitas nenhum dos pretendentes, arranjei a possibilidade de seres rainha do meu condado.Viverás eternamente nessas grutas, rodeada de bois e vacas, e as tuas lágrimas serão tantas e tão grossas que os teus olhos se tornarão enormes, e para sempre essas lágrimas regarão as terras do Alviela e darão de beber a animais e pessoas”.
Ah quem quiser respirar o ambiente desta lenda vá pois até à nascente do Alviela, aos Olhos de Água.
Das lágrimas da morgadinha bebe água boa parte de Lisboa…
E reza outra lenda que quem beber água da Fonte do Vale casará na Louriceira, freguesia a pouco mais de uma légua de Alcanena. Porém agora, com a poluição, a água está imprópria para consumo.
Que bonito seria poder voltar a ter sentido aquela cantiga popular:
Água fonte de vida
Água da Fonte do Vale
Água daquela vida
Afasta a gente do mal.
Afasta a gente do mal
Diz o povo e tem razão
Se fores à Fonte do Vale
Deixas lá o teu coração.
Deixas lá o teu coração
À espera de companheiro
Fica-te escrito na mão
Casarás na Louriceira