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Contos e Lendas

05
Mai23

 

Alijó

Os Sinos Trocados

 

Quem tiver o ouvido afinado para a musica poderá entender esta lenda melhor que ninguém.

Bastar-lhe-á jornadear até ao Alto Douro, ao concelho de Alijó, e visitar as aldeias de Carlão e de Ribalonga. E quando repicarem os sinos, logo perceberá que o primeiro clama por Ribalonga e o desta por Carlão.

Mas o que se passa?

É que os sinos foram trocados numa oficina de consertos em Braga, e o comodismo dos homens não consentiu na reparação do erro.

«O serviço é o mesmo», terá comentado uma voz. E assim ficou.

Os sinos é que estão desgostosos e lamentam a sua sorte! Verificarão que hoje estão afinados, aliás a lenda diz-nos que já antes do episódio que vamos narrar eram afinadíssimos.

Ora, virá-lo ao contrário quando o repicavam, puxando os rapazes a corda, era sinal de força! No entanto , os sinos fartam-se, racham, envelhecem quase como as pessoas, pelo menos alguns. E aconteceu a ambos os sinos das duas aldeias.

Na oficina de Braga, como se disse, puseram-nos como novos, mas trocaram-nos. Após ligeira discussão inicial, concordaram as partes que o fundamental era que repicassem, e isso fazem-no, ainda que de som trocado. E, assim continuam hoje, que ninguém os repôs nas torres de origem.

E há outra lenda, a da Senhora da Boa Morte do Pópulo. Pois diz que a Nossa Senhora, achando que a freguesia de Vila Verde era uma aldeiazinha agradável em que podia viver, andou até ao cabeço  conhecido como das Bilheiras para ficar com outra persepectiva. Porém ao ouvir como discutiam entre si as mulheres na fonte, fugiu para o Pópulo!  No entanto podemos conhecer ainda uma outra lenda de Ribalonga referente ao seu lugar de Santa Ana. Pois neste sitio há uma fraga enorme, retangular, tendo na parte superior três sulcos, o da cabeça, o do tronco e o dos membros de uma pessoa. A voz do povo, essa mesma voz que escreve as lendas palavra a palavra, diz que esses sinais foram ali deixados por Santa Ana quando andava em peregrinação aos Lugares Santos. Pois a lenda, faz-nos saber que Santa Ana, cansadíssima, não vendo outro sitio para se deitar, aproveitou aquela fraga, e a pedra tornou-se então mole para ela ficar mais confortável, tomando mesmo a forma do seu corpo.

Contos e Lendas

03
Mai23

Cabeceiras de Basto - “Até Ali, por são Miguel, Até Ali, Basto Eu”

Embora tenha mudado de sitio, Basto, lá está na Praça da República, em Cabeceiras de Basto, pela bizarria da composição da figura, é um dos curiosos monumentos de todo o País! Representa um guerreiro lusitano e, de facto, trata-se de uma dessas estátuas jacentes de figuras admiradas que se colocavam sobre túmulos. De granito, parece vestir túnica, exibe um escudo sobre a barriga, pendendo-lhe o punhal e a espada embainhados. Ora, a estátua foi alterada por duas vezes, pelo menos está datada de 1612  e de 1892. Acrescentaram-lhe, sempre de pedra, uma barretina, umas bigodaças e meteram-lhe meias e botas. No escudo, tem a inscrição”Ponte de São Miguel de Refoyos 1612”. Ora a lenda… A lenda do Basto é muito antiga! Vem lá do fundo dos tempos, quando o grande Império Godo soçobrava às investidas dos Mouros, que tinham como chefem um homenzarrão chamado Tarik. Galvanizados pelo somatório das terras conquistadas, pelas riquezas que iam reunindo e pela glória com que se cobriam como guerreiros, os Sarracenos espalhavam o terror, atravessando os campos hortícolas da Galiza!

Ora, as notícias, apesar de tudo, sobretudo as más, naqueles tempos também depressa se espalhavam. Pelo que não tardou que a fradaria do Mosteiro de São Miguel de Refojos tomasse conhecimento. Porém, mais habituados à paz, aquilo soava-lhes como algo com que eles nada tinham a ver. E a verdade é que os senhores frades não atribuíram grande importância ao que era voz corrente. Porém, Bracara Augusta, que corresponderia hoje à nossa Braga, acabou mesmo por cair nas mãos dos Mouros. Foi quanto bastou para que o Mosteiro de São Miguel de Refojos se preparasse ainda que precipitadamente, para a sua defesa.

Bem, não foi possível reunir mais de uma centena de homens de lavoura misturados com homens de armas, aliás quase todos de pouca preparação militar, foça esta que era comandada  por D. Gelmiro, o venerando abade de Refojos.

Ora, os resistentes constava Hermígio Romarigues, ainda parente do fundador do mosteiro que mais se destacava. E destacava-se  não só pelo seu porte avantajado, de grandes e possantes membros, rosto retalhado por mil golpes das escaramuças passadas, como pela habilidade e coragem na arte da guerra. Também era o único assim preparado.

Postado junto à ponte que dava acesso ao Mosteiro, ao aproximarem-se as tropas de Tarik, o Monge gurreiro estendeu a sua possante manápula, assegurando:

- Até ali, por São Miguel!, até  ali, basto eu! E é que bastou mesmo. Três vezes arremeteram os Mouros contra as defesas do Mosteiro, mas outras tantas foram repelidos pela espada de Hermígio Romarigues.

A ponte sobre a ribeira ficou atulhada de corpos e os chefes sarracenos tiveram que recuar. E se quiseram, mais tarde, avançar por aquelas terras, foram obrigados a tratar com D. Gelmiro de igual para igual, gorando-se, deste modo, a suposta intenção de arrasarem o mosteiro e decapitarem os monges. O gigantesco Romarigues, o Basto, bastou naquela emergência. Perigos passados para os seus irmãos de Refojos, o monge guerreiro seguiu para o reduto cristão situado nas Astúrias, de onde irradiava já a Reconquista Cristã a partir de Covadonga, sob o comando de Pelágio. Monges e criados, algum tempo  mais tarde, entenderam ser seu dever imortalizar  o feito de Hermígio Romarigues,  campeador na ponte de Refojos e nos confins asturianos. E lá terão feito esta estátua que vemos em Cabeceiras, ou aproveitaram alguma pedra trabalhada, antropomórfica,que encontraram a preceito. Porém, a lenda não esquece de lembrar que os frades de Refojos foram vencidos uma vez sem que alguém lhes valesse! E por uma mulher D. Comba, que levou a sua vingança a ponto de mandar pensar os cavalos dentro da própria igreja do mosteiro! Fidalga da Casa da Taipa, cruel, exigia que lhe fritassem  vivas as trutas acabadas de pescar no ribeiro próximo! E quando morreu, num estrondo, como um demónio, desapareceu do caixão em que a levavam a enterrar em Fafe! Dizem que todas as sextas feiras, bem de noite, o seu espírito anda  à volta da capelinha da sua casa.