Contos e Lendas
Carregal do Sal – A Bácora Russa e mais
1 - Em Carregal do Sal, subindo a estrada do Belogão, no lugar da Portela, a uns 200 metros do crazamento do Calvário, com um pedaço de atenção encontra-se uma poça de água um pouco mal encoberta por uma sebe e cedros. Conforme a lenda, ao soarem as 12 badaladas da meia-noite na igreja Matriz de Oliveira do Conde, pela boca da referida mina saía uma grande porca seguida pela ninhada os seus leitões. E não foram poucos aqueles que ao longo dos tempos afirmaram ter visto tal coisa! Claro, depois do pôr do sol poucos eram os que se atreviam a sair para aqueles lados, não fossem dar de caras com a tal procissão. É que, dizem, a porca é a figuração do Diabo, e os leitões, a sua corte infernal! Bem, mas há cerca de um século e tal foi feita a Estrada Nacional, apareceu o caminho-de-ferro e a luz eléctrica também foi instalada. Ora, tudo isto provocou grande movimento da zona, espantando medos e afins. Hoje, já ninguém se incomoda passar por ali sequer à meia-noite. Embora a poça e a mina continuem a ser o lugar da Bácora Ruça, o espírito do lugar é outro. E aqueles que escutaram a lenda a tremer já a contam, sorrindo, aos netos nas n oites de inverno.
2 - Pois em Oliveira do Conde há um carvalho que ainda tem vida e em cujo tronco, oco, cabem algumas pessoas. Ali a dois passos é a Capela de Nossa Senhora dos Carvalhais, cuja imagem esteve escondida no troco do carvalho para que não desse com ela o mouro Almançar quando arrasou boa parte da Península. A imagem de Nossa Senhora dos Carvalhais salvou-se porque alguém assim a escondeu. E 18 anos esteve naquele oco!
Outra imagem , a da Senhora da Ribeira, apareceu junto de um penedo junto de Parada (hoje lá está na igreja), na margem direita do Mondego. Conta a lenda que o dono das terras onde se encontrava o penedo, um emigrante na América, resolveu rebentá-lo para aproveitar a pedra, destinando-a a um muro de proteção às suas culturas e aos moinhos. Os pedreiros eram relutantes, mas o emigrante mostrou-se inflexível. Rebentando o penedo, deu-se serventia às pedras. Mas nesse inverno houve tão grandes cheias que rebentaram com o muro, com as culturas e os moinhos!
3 - Fique agora exarada a maneira como se chegou à invocação de Nossa Senhora das Boas Novas. A lenda vem das Invasões Napoleónicas, precisamente do tempo da segunda. O centro do País foi ocupado, e os franceses levavam tudo adiiante. O povo de Sobral, aflito, resolveu meter-se numas minas ali perto. E ali ficaram durante semanas, esfomeados, aflitos quanto ao futuro. Ora de acordo com a lenda, os invasores chegaram a Sobral e virama aldeia deserta. Procuraram os habitantes um pouco por toda a parte, e nada, não apareciam. Os Franceses inventaram então um estratagema qe consistia em gritarem em português: «Ó Maria, anda embora, já se foram os Franceses!» Mas os de Sobral não respondiam. O silêncio era tanto que as aranhas fecharam as min as com as suas teias. Os escondidos rezaram a Nossa Senhora, e quando os invasores se foram embora mandu um raio de sol avisá-los à porta da mina. E assim nasceu a invocação de Nossa Senhora das Boas Novas.