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Contos e Lendas

14
Dez22

Monte da Caparica - A minha rica capa

 

Vejamos três lendas que, cada qual por sua parte, pretendem ser a origem da designação da Caparica, cabeça de freguesia instituída por bula do Papa Sixto IV a 12 de Dezembro de 1472, reinado de D. Afonso V. E esse documento duas outras autorizações, a da edificação de uma igreja no lugar do Monte, onde existia já uma capelinha de madeira, e a de ser o próprio povo da nossa paróquia a escolher o seu pároco.

Ora uma das lendas diz-nos que, morrendo nas imediações do Monte um velho muito rico, deixou no seu testamento um ponto pelo qual legava a sua capa com o fim de ser vendida. Depois, com o produto da venda mandar-se-ia construir uma capela dedicada a Nossa Senhora do Monte.

É de perguntar se seria esta a primitiva capela. De qualquer modo, ficava a dúvida de como seria possível que o leilão de uma capa desse para fazer uma capela por mais modesta que fosse. Parecia que o homem estava a fazer pouco dos seus vizinhos. Bem, mas o testamento, qualquer que fosse, teria de cumprir-se, e, lá chegou o dia da venda da capa.

Capa em cima da mesa, os testamenteiros e o povo, que muita gente assistira ao acto, ficaram admiradíssimos, pois a capa estava recheada de dobrões de ouro cosidos nos retalhos da mesma!  E podia, por fim, erguer-se a capela, e uma rica capela! Volta a perguntar-se se, assim sendo, esta não seria aquele templo aprovado na bula? O que não deixava de ser verdade é que se tratava de uma rica capa!

 

A outra lenda fala de uma pobre velha que vivia numa dessas povoações sobranceiras ao mar na margem esquerda do Tejo. Andava sempre embrulhada  uma capa de remendos.

Devota, ela nunca faltava à missa na capelinha do Monte, embora isso a fizesse andar algumas léguas em cada Domingo. E também costumava pôr-se a contemplar a charneca onde ficava a sua aldeiazinha, situando-se no Castelo dos Mouros, na direcção a que seria depois a Caparica e, na altura, quase nada era,. Dizia aos poucos que estavam para a aturar, teer visões de uma bela cidade naqueles ermos. Chamavam-lhe bruxa e escorraçavam-na.

Um dia, a velha apareceu morta e junto de si um crucifixo e uma carta para ser entregue ao rei juntamente com a sua capa remendada.

Assim fizeram os seus vizinhos. O rei leu a carta, que dizia destinar-se a capa para construir uma capela no sitio onde ela morava, tão distante que era do lugar onde ela ia à missa. Os presentes riram, mas o rei reparou no peso da capa e rasgou-a. Caíram moedas de ouro que davam para construir duas ou três capelas! E assim se fez a igreja da Caparica!

Menos romântica e bem mais simples do que estas duas lendas é aquela que se limita a justificar o topónimo Caparica com o facto de, sendo Nossa Senhora do Monte de muita devoção da população, ao ser construída a nova igreja foi tecida para a imagem uma nova e rica capa.

 

 

 

 

Contos e Lendas

13
Dez22

LENDA DA FLOR DAS ESTEVAS.

Quando Nosso Senhor ia com a cruz às costas, subindo por um monte, a que chamam “Monte Calvário”, existiam muitas estevas floridas de um lado e do outro, mas todas tinham flores brancas sem as pintas vermelhas como as conhecemos.

Nosso Senhor ia deitando muito sangue da cabeça devido á coroa de espinhos que lhe impuseram por declarar ser o Rei dos cristãos. Esse sangue caiu em cima das estevas, manchando as flores. Atrás ia Nossa Senhora que chorava bastante, fazendo com que caísse uma lágrima de sangue que, também, manchou uma flor.

Assim, as estevas que possuíam seis folhas foram as que apanharam o sangue de Nosso Senhor e a lágrima de Nossa Senhora; as que tinham cinco folhas, só apanharam o sangue de Jesus, para que nos lembremos das cinco chagas; finalmente, as de quatro pétalas continuaram brancas, por não terem apanhado com qualquer sangue.

 

Contos e Lendas

12
Dez22

A Ponte do Cavaleiro

Era uma vez ... no tempo já distante, dos princípios do cristianismo, vivia uma senhora chamada Dona Loba, que era muito rica.

Esta Dona Loba prometera ao Apóstolo São Tiago converter-se à religião de Jesus de Nazaré, então a espalhar-se por toda a Europa.

Aquele Santo, que não gostava de perder, mandou dois dos seus discípulos mais dedicados a cristianizar aquela rica senhora. Ao mesmo tempo ela escrevia uma carta a um casal muito da sua confiança e que vivia ali nas Cortes, a uma curta légua de Leiria, a pedir-lhe conselho sobre a sua conversão à Verdade de Cristo.

Logo que os discípulos de São Tiago chegaram à fala com Dona Loba ela entregou-lhes a carta que havia escrito para Venónio e para sua mulher.

Os discípulos andaram, andaram, e alcançaram a casa de Venónio e entregaram a carta de Dona Loba. Mas Venónio, que ainda não tinha ouvido falar da doutrina de Jesus de Nazaré, não gostou do que Dona Loba dizia e mandou-os prender. Era já noite.

Mas ... quando os raios de sol começaram a dar os bons dias à terra, os Anjos libertaram os prisioneiros que logo deram às de Vila Diogo.

Venónio, ao saber da fuga dos seus prisioneiros, deu por paus e por pedras e mandou-os perseguir pelos seus homens a cavalo. Os perseguidores correram a toda a brida e foram apanhá-los junto a uma ponte que ali havia. Mas os discípulos do Apóstolo estugaram o passo para o outro lado da ponte, a salvo.

O mesmo não sucedeu aos homens de cavalo, de Venónio, que, quando chegaram ao meio da ponte esta ruiu e, catrapuz... homens e cavalos foi tudo de roldão por água abaixo.

O povo, o bom povo das Cortes e das vizinhanças, viu neste acontecimento um castigo de Deus e converteu-se à Religião de Cristo.

Também Venónio e sua mulher Celerina se tornaram cristãos, tão bons e generosos que, no dizer do povo, ela era uma boa Santa.

Venónio, tempo depois, morreu na paz do Senhor, e sua mulher, foi para Sines onde veio a ser martirizada, por não querer abjurar a sua Fé, e tornou-se Santa muito venerada naquela terra de Sines.

E foi deste modo que começou, na região de Leiria, a cristianização dos Povos.

Contos e Lendas

09
Dez22

Lenda do Sino, o Pote e o Lobisomem - Armamar

 Na torre da igreja de Armamar há um sino que tem gravada a inscrição “ Sino de São Miguel”

Ora esse sino tem uma lenda sobre o seu achamento. E ela fala de uma velha pastora, que guardando as suas

cabeças de gado perto do chamado “Poço da Doma” na Misarela, passava  tempo a fiar, um dia largou o fuso

das mãos e não pode evitar que ele caisse por um buraco entre as fragas. Mas ouviu como ele batia em qualquer

coisa que produziu um lindo som metálico.

Voltando à povoação a velha pastora contou o sucedido.

Regressou a pastora ao Poço da Doma, porém acompanhada agora de uma data de gente. Indicou o sitio

 e logo um homem amarrado a uma corda, se atreveu a descer pelo buraco. E não é que foi dar com o tal sino

metido entre as silvas?  Vai daí arranjaram meios de o içar e levar para a igreja.

 Agora menos paz tem a lenda dos leões da Necrópole de Gojim. Pois esta diz que, se uma pessoa for sozinha

até ao pé desses túmulos à meia noite, aparecem logo dois leões. E os leõs têm uma panela cheia de ouro que

oferecem a essa pessoa sem lhe fazerem mal algum. Porém há uma condição que deve ser cumprida, caso

contrário o atrevido morrerá logo ali.

A condição? Querem experimentar? Pois quem for terá de agarrar no pote e pôr-se a andar para sua casa sem

olhar para trás.

 

Também quem ngostar de seres sobrenaturais, pode dar um passeio pela será da Piedade, onde decerto

Haverá que o guie à Cova do Lobisomem, que fica no Talefe.

Havendo coragem, lá dentro encontra objectos que pertenceram a um Lobisomem.

Conta quem sabe, à meia noite dos tais dias ele descia a serra num tropel de cavalo, ia a Gojim

e regressava à serra.

Corria o seu fado à espera que alguém o desencantasse fazendo-lhr sangue.

Um dia um homem que estava a regar perto do Talefe observou-o e picou-o com uma aguilhada dos bois.

Sangrando abundantemente, o Lobisomem desapareceu!

Já agora ficam a saber que Armamar  não foi, nos seus princípios, onde hoje se encontra, Era mais para

os lados da Almoinha, Penajoia e Reguengo. Por aí haverá sinais de antigas construções e apareceram objetos de ouro e louças de barro.

Pois outra lenda, conta-nos que em seu palácio, viviam aí um rei e uma rainha. Ora em dado dia, estando boa parte

da população a trabalhar nos campos, ouviram uma barulheira muito grande. E, logo viram o que se passava, nada menos que um cordão de formigas gigantes que destruíam tudo e todos  por onde passavam. Foi uma coisa horrível.

Porém os sobreviventes notaram estavam mortos os seus reis. Meterem cada qual em sua urna e estas num túnel.

Pois diz-se em Armamar que quem abrir a urna  do rei morrerá logo mas se for a da rainha ela ressucitará e o túnel ficará

todo em ouro. Mas saber qual é um e o outro?

Contos e Lendas

09
Dez22

O Tesouro que não era – Barreiro

 

Houve um extraordinário caso no Barreiro que poderá assumir razoáveis proporções para ser tido como lenda.

Data de 1871 e é possível que pareça um tanto estranho inclui-lo nesta sequência, onde alternam mouras encantadas, aparecimento de imagens de santos e um outro episódio relacionado com a história de Portugal.

Ainda que nada apresente de sobrenatural, esta lenda, prima do conto do vigário, explora quem ainda acredita em velhos tesouros.

Comentava um diário que estes bizarros acontecimentos, substituía a antiga lenda do “homem das botas”…

Num jornal de Lisboa, durante três dias de Agosto de 1871 saiu uma declaração de Francisco Gomes, um boiero de 22 anos, a “anunciar que foi achador de um depósito de ouro enterrado na quinta denominada do morgado dos Albuquerques” do Lavradio, e que, “pela qualidade do ouro, ter sido esse depósito feito há mais de trinta anos”, chamado que de direito tiver a esse depósito para o deduzir dentro do prazo de dois anos”.

Dias após, o Diário Popular noticiava que o achador avaliava o tesouro em vinte milhões! Porém, a 17 desse mesmo mês de Agosto, o Jornal da Noite informava os seus leitores: “Já está na cadeia o homem que se inculcava o achador do tesouro do Lavradio”.

O administrador do concelho mandou fazer escavações para verificar a existência do referido tesouro, mas este não foi encontrado.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Francisco Gomes foi preso, acompanhando os guardas na busca, mas empatando-os quanto podia. Apesar de nada aparecer, ele asseverava a existência do ouro. Afinal tratava-se de um truque para extorquir dinheiro a possíveis investidores cobiçosos na pesquisa de um tesouro inexistente! Com isso arranjou uma boa maquia , que lhe permitia ter duas raparigas metidas no seu quarto e, na altura das escavações oficiais, convidar os guardas a merendar e prometer a cada um, um fato novo e um dobrão de ouro quando o tesouro aparecesse. E conta-se que um dia, o Gomes apareceu com uma caveira dizendo que lhe tinha ido para às mãos no cemitério e uma voz o avisara ser de sua mãe!  Mas o descaramento do Francisco Gomes era tal que, tendo começado as escavações oficiais num sábado, pediu que fosse respeitado o domingo como dia de descanso, continuando-as apenas na segunda, proposta que foi aceite pelo paciente administrador---

O Gomes quis levar a escavação para debaixo de uma casa, , a qual, a realizar-se, poderia provocar uma derrocada, mas o proprietário não o consentiu. A dada altura, no subsolo apareceram dois degraus, mas também não tinham continuidade. Entretanto os investigadores burlados que se queixaram chegaram a quatro! Segundo o Diário Popular a prisão foi a melhor coisa que poderia acontecer ao Gomes, pois se a policia o não levava dada altura, a população preparava-se para fazer um linchamento em forma. Todavia, o Francisco Gomes, a dada altura mandou o pai chamar o padre para que lhe rezasse uma missa de corpo presente, pois, vestido de frade, tencionava

meter-se num caixão. O padre é que não esteve pelos ajustes deste sujeito, que, pelos seus dislates, se transformou em lenda barreirense!

 

Contos e Lendas

03
Dez22

Lenda Uma Sina de Sofrimento – Alvaiázere

 

Esta lenda conta-se em Maçãs de Dona Maria, cabeça de freguesia, que fica a uma dúzia de quilómetros de Alvaiázere. Pois trata de uma linda rapariga que vivia com seus pais, que eram lavradores remediados. E cada vez que a rapariga ia à talha buscar azeite, vivendo com intensidade aquilo que ela julgava ser castigo, o estar na aldeia, via-se espelhada na superfície do azeite e dizia:

- Ai como eu sou tão bonita!

- Escutava uma voz que lhe dizia:

- É a tua sina!

Tantas vezes aquilo lhe aconteceu que não resistiu a contar à mãe. E esta intrigada, recomendou-lhe que interrogasse a voz sobre o que queria dizer, que sina afinal seria a sua.

E assim fez a rapariga escutando:

- Vais ter duas filhas, mas depois passarás sete anos de vida mundana…

A rapariga ficou transida.

De quem seria a voz?

Na verdade passados uns tempos, apareceu na aldeia um rapaz que era  vizinho de outra terra, apaixonou-se pela jovem e pediu-lhe namoro, tendo ela aceitado. Muito honestamente a mãe preveniu o rapaz do que se passava, mas ele tão apanhado que estava que insistiu em  casar, e casaram mesmo.

E tudo estava a correr muito bem, quando a rapariga, após ter duas filhas, abandonou o lar e foi para a cidade, caindo numa vida mundana. E assim passaram sete anos até que largou tudo e regressou à terra.

Ora, foi precisamente a mãe a primeira pessoa conhecida que a viu, estavam ambas ao pé da ponte.

A mãe reconheceu-a e, zangada, dando-lhe um empurrão exclamou:

- Andas por aqui vagabunda?!

Caindo ao rio a rapariga agarrou-se a uns salgueiros e salvou-se. Depois, correu por uns campos fora, não se sabendo do seu destino.

Um dia, à porta do marido, que vivia com as filhas, bateu uma velhinha. As raparigas não sabiam que era, mas tiveram muita pena dela e deixaram-na entrar. Deram-lhe e comer e passaram a tarde juntas, tendo a velha catado os piolhos ás raparigas, lavando-lhes também as cabeças.

Depois, quis ir-se embora, mas elas arranjaram-lhe lugar para ficar num barracão anexo. Ela lá acabou por aceitar.

O pai chegou à noite, jantou e deitou-se. Mas às tantas da madrugada acordou com uma estranha sensação.

Foi ver o que era e entrou no barracão onde estava a velha. Mas a velha estava morta, deitada num caixão iluminado por centenas de velas acesas.

Conforme a lenda, a pobre mulher expiara os pecados marcados pela sua sina. E com os sofrimentos do corpo acabara por ganhar o Céu.

 

 

Agradecimento

02
Dez22

Aquelas pessoas que têm visitado este blog apresento-lhes os meus agradecimentos e prometo continuar com estas publicações a fim de satisfazer a vossa coriosidade.

Contos e Lendas

02
Dez22

Os navios e a vida

 

Certa vez, um homem sábio foi às docas para observar os navios entrarem e saírem do porto. Percebeu que, quando um navio saía para o alto mar, todas as pessoas no cais festejavam e desejavam boa viagem. Enquanto isso, um outro navio entrou no porto e atracou. De maneira geral, foi ignorado pela multidão.

 

O sábio dirigiu-se às pessoas, dizendo: “Você estão olhando as coisas ao contrário! Quando um navio parte, não se sabe o que virá pela frente, ou qual será o seu fim. Portanto, na verdade não há motivo para celebrar. Porém quando um navio entra no porto e chega ao lar em segurança, este é um motivo para fazê-los sentir alegria.”

A vida é aquela viagem e nós somos o navio. Quando nasce uma criança, festejamos. Quando uma alma volta para casa, pranteamos. Porém se víssemos a vida na terra da mesma maneira que o sábio via o navio, talvez pudéssemos dizer: “O navio terminou sua jornada, enfrentou as tempestades da vida, e finalmente entrou no porto. E agora está seguro em casa.

 

Contos e Lendas

02
Dez22

Um dos doze de Inglaterra - Penedono

 

Alexandre Herculano o apurou na sua ronda por terras da Beira: o belíssimo Castelo de

Penedono foi morada dos antecessores do Magriço, um dos Doze de Inglaterra,

imortalizado por Camões em “Os Lusíadas”. O seu verdadeiro nome era

Álvaro Gonçalves Coutinho, que alguns autores dão como nascido na Vila de Penedono.

E no poema a lenda é contada por um marinheiro numa das naus do Gama quando seguiam de Melide para a India. Vale a pena  evocar-se esse feito de um notável filho desta vila.

Pois a lenda para que não estiver para ir buscar o seu exemplar do grande poema camoniano

E repassá-la em versos alexandrinos, conta que no reinado de D. João I na corte da nossa recém-aliada Inglaterra nada menos que doze damas foram agravadas por outros tantos cortesãos.

Pois, queixando-se as ditas ao Duque de Lencastre, sogro do monarca português, logo este pensou que seria interessante que as mesmas fossem desagravadas por doze cavaleiros portugueses.

E lembrou-se ele de alguns bem galantes e possantes que conhecera quando por cá andara a

apoiar o futuro genro contra os Castelhanos. E o desafio ficou no ar, tendo o nome dos Doze de Inglaterra sido sorteados pelas damas ofendidas.

Tanto quanto se sabe, cada dama escreveu ao cavaleiro português que lhe coubera por sorteio

Todas ao Rei de Portugal  e o Duque de Lencastre a todos. Assim chegaram as cartas ao nosso

País e, não tardaram a partir do Porto os que viriam a consagrar-se como os Doze de Inglaterra.

Houve, no entanto um que não quis embarcar preferindo a Inglaterra ir por terra. Exactamente

O cavaleiro de Penedono o Magriço. E não é que o Magriço foi o último a chegar ao torneio em Londres mesmo em cima da hora?

E os cavaleiros portugueses venceram os cavaleiros ingleses. Porém é curioso como ao cabo de

tanto protocolo arrolado na lenda esta história não seja descrita por nenhum cronista da época

seja ele português ou inglês!  Por isso se inclinam as gentes a supor tratar-se de uma lenda. E está muito bem que o seja.

Sampaio Bruno, por exemplo, entende que se trata de adaptação de uma justa ao tempo de

Ricardo II realizada em Londres em 1390. Mas Teófilo Braga, Faria e Sousa e Jorge Ferreira de Vasconcelos, entre outros, aceitam o episódio dos Doze de Inglaterra como factos históricos.

Mas a verdade é que o livro “Memorial das Proezas da Segunda Távola Redonda” 1561, deste último é a única obra que a tal se refere anteriormente  ao poema de Camões. Na segunda edição dos Diálogos de Vária História  1599 de Pedro de Mariz, é incluída pela primeira vez em prosa a narrativa do torneio de Londres. No seu estudo sobre a “Relação ou Crónica Breve das Cavalarias dos Doze de Inglaterra”  Magalhães Basto refere que lá não diz que o Magriço chegou em cima da hora do torneio afirmando que o primeiro combate foi com maças de ferro e depois à espada, não pormenorizando se combateram a cavalo ou a pé.

Assim o interessante desta lenda é a romântica façanha portuguesa em que participa destacadamente o Magriço, que, com um bocado de paciência, acabaremos por ver passear entre

as barbacãs do Castelo de Penedono, enquanto lemos em voz alta a sua lendária aventura!