Contos e Lendas
Saltar sobre o buraco – Alter do Chão
Entre o Castelo de Alter do Chão e o Castelo de Alter Pedroso – um lugar da freguesia
distando 3 km da sede do concelho, terá havido um túnel de ligação.
Com um bocado de trabalho, ainda hoje se encontram vestígios dessa passagem. Ora diz-nos ainda a lenda, ali perto havia a Cova da Moura Encantada. Aproximando-se desta, um homem ficaria preso para sempre aos seus encantos; caso fosse uma mulher, teria de submeter-se a um salto sobre o buraco -passando sem cair, seria feliz; caso contrário, a vida amorosa transformar-se-ia numa desgraça.
Mas o povo não deixa de acrescentar que junto do portão – portão gótico do Castelo de Alter Pedroso – aparecia uma serpente que atacava e matava quem se aproximasse de olhos abertos.
Bem, a verdade é que ainda hoje há raparigas que se dispõem a saltar o buraco para saber da sua sorte aos amores e também quem passe ao portão com os olhos fechados, não vá sair-lhes a serpente
Na rua de São Sebastião em Alter do Chão, fica a Igreja do Senhor Jesus do Outeiro, exactamente no lugar onde consta ter existido a ermida do santo que dá o seu nome à artéria.
Nas Ordenações Afonsinas está exarado haver nobres que conseguiam viver à custa dos camponeses, chegando a suas casas e exigindo-lhes quanto de bom tinham para seu sustento. Muitos deles até se sentiam no direito de se hospedarem, abusiva e gratuitamente, em casa dos homens mais ricos quando andavam pelo País.
Ora, isto ocasionava bastantes queixas. E o mais grave destes casos refere-se a um fidalgo alentejano que se quis hospedar dentro de Alter e os homens bons recusaram permitir-lho. Vai o fidalgo, incomodado, apresentou queixa ao rei. Este não teve dúvidas em dar razão aos Alterenses. Então o fidalgo arregimentou uns quantos homens de armas e, de surpresa caiu sobre Alter do Chão e matou as 12 personagens mais destacadas que lá moravam, ou seja, os lavradores mais abastados que governavam o concelho. E não consta qualquer desfecho correctivo para este crime, que terá ficado sem castigo.
É de 1359 uma outra lenda, aliás retrato de extraordinária barbaridade, que envolve D. Pedro I. Pois durante as obras ao Castelo de Alter do Chão, que terminaram a 22 de Setembro do mesmo ano, vivia nesta vila o rei. Ainda hoje se apontam as casas que, segundo a voz popular, foram sua circunstancial moradia., Ora, um dia, escutando o rei duas mulheres a discutir, uma chamou à outra «roussada», que hoje significa violada, forçada.
O rei mandou chamá-las e perguntou-lhes o que significava aquele insulto. Ficou então a saber que a mulher assim chamada fora violada por um homem que logo casara com ela. Haviam passado uns sete anos e tinham dois filhos, vivendo felizes. Então aquele a quem coube o cognome de “justiceiro”, apesar dos rogos em contrário da mulher e de o assunto estar completamente resolvido, mandou prender o homem, condenando-o de imediato à forca.