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Contos e Lendas

23
Jul22

Ponte de Lima

Os quatro Presidentes

 

Ah!  mas sabiam que no terceiro domingo do mês de junho os Presidentes das Juntas de Freguesia de Calheiros, Cepões, Bárrio e Vilar do Monte se juntam a uma mesa cujos assentos se encontram nos extremos das quatro freguesias do Concelho de Ponte de Lima? E isto tem uma lenda por trás. E vem do século XVII. Então, num mesmo dia, das igrejas paroquiais das referidas freguesias saiam procissões penitenciais em honra de São Sebastião. Designavam-se estas por Procissões do Cerco, e as vias por onde passavam eram os caminhos do Cerco. Pediam-lhe proteção contra a peste, a fome e a guerra. Lembrando que os Abades nessa altura tinham poder para tratar dos problemas das suas comunidades, convergindo na mesa  as procissões, os párocos ocupavam s seus lugares. E aí discutiam os problemas comuns, tendo representantes das suas paróquias a pouca distância, consultando-os quando nescessário. Depois de alguns anos de interrupção, a tradição foi retomada em 1988, só que em vez dos padres são os presidentes das referidas juntas.

 

 

 

Contos e Lendas

23
Jul22

Lenda do Diabo e a Diaba – Amarante

 

Entrando-se no Museu de Amarante, logo o olhar cai sobre o Diabo e a Diaba, que ali estão como para nos receber. Virão os visitantes do túmulo de São Gonçalo, onde não deixarão de ter puxado pelo cordão do hábito do santo na igreja do mosteiro do seu nome, em intenção de casamento de alguma velha?

Não se nos confessem, não vale a pena. Leiam em voz baixa esta lenda demoníaca.

A lenda é do tempo das Invasões Francesas, quando Loison entrou em Amarante, invadindo o Mosteiro de São Gonçalo, onde deram com o Diabo e a Diaba, figuras fortemente sexualizadas, simbolizando a força criadora da Natureza, decerto reminiscências de antigos cultos pagãos. Porém, a tropa francesa decidiu fazer paródia, vestiu-os com paramentos roubados na sacristia da igreja, passeou os manipansos pelas ruas da então vila e acabou por queimar ambas as imagens. Mas, valha a verdade, os franceses foram logo a seguir corridos de Portugal, e os frades entenderam por bem encomendar a um mestre entalhador dois outros diabos, o mais parecidos com os vandalizados. Sabemos que foi mestre António Ferreira de Carvalho o artista da obra. Quis o prior do mosteiro que em cada uma das cabeças fosse feito um furo para os diabos servirem de peanha à cruz e à umbela.

Estas imagens do Diabo e da Diaba tinham uma certa veneração a 24 de Agosto, dia em que o Demo anda à solta.

Conta-nos o historiador judeu amarantino Barros Basto que a população respeitava o dia como se feriado fosse, e nas cabeças de ambos eram depositadas diversas ofertas.

Em 1870, D. José de Moura, arcebispo de Braga, quis seguir as pegadas dos franceses. O prelado, achando as imagens chocantes para os olhares, determinou que fossem queimadas. Todavia, ninguém teve coragem para o fazer. No entanto, já houve quem se afoitasse a cortar os órgãos sexuais do Diabo.

Mais tarde, como já fossem propriedade particular, apareceu um inglês que comprou o demoníaco e monstruoso par. Porém, o povo amarantino é que não gostou nada do negócio e reclamou. Mas nada pôde então fazer. Os Diabos foram mesmo para Inglaterra. Porém, não sabemos as razões, mas decerto existiram e bem fortes foram, o Diabo e a Diaba viajaram de novo. Desta vez de Inglaterra para Amarante.

O mesmo povo que reclamara fez uma festa de arromba nas boas vindas, andando a rapaziada fantasiada de Diabo, passeando-se pelas ruas da terra de Pascoais e de Amadeu. Foi uma alegria aquele regresso.

E, como ficou atrás dito, o Diabo e a Diaba, estão na entrada do Museu Municipal de Amarante, que umas vezes é designado por Albano Sardoeira, seu organizador e primeiro director, outras por Amadeu de Souza Cardoso, uma figura notável da pintura portuguesa de todos os tempos.

Mas o que desapareceu, a par do pirilau do Diabo, foi a tal tradição local da festa a 24 de Agosto.

 

 

 

Contos e Lendas

15
Jul22

Marco de Canaveses

A Ponte da Aliviada

Marco de Canaveses é parte do território de uma grande figura do século XIX – José do Telhado. 

Apesar da relutância de Camilo Castelo Branco, ele é a única figuração de Robin Hood à portuguesa. O assalto à casa do Carrapatelo é uma das lendas maia famosas mas não a encontraremos aqui.

Ouçamos o padre Vieira de Aguiar, que na sua Monografia de Marco de Canaveses, datada de 1947, nos dá uma ideia dos aspectos lendários da freguesia de São Martinho da Aliviada:

«…conta-se que o diabo construiu uma ponte, e como a julgasse uma obra-prima, chamou S. Gonçalo, que andava edificando a sua em Amarante, para a ver e admirar. O Santo veio, mas recebeu ordem rigorosa para não a benzer. No entanto, tendo levantado a bengala em forma de cruz, o diabo suspeitou que se tratava de uma bênção. Subiu para um penedo próximo e apedrejou-o. Mas fenómeno maravilhoso! Nenhuma das pedras atingiu o Santo porque com a mesma bengala as desviava todas!

Se um pai disser a um filho, diabos te levem na hora das Trindades ou no momento em que na missa o sacerdote diz Amen, o demónio vem levar imediatamente a criança para a Ponte da Aliviada. Depois para o seu resgate é preciso lá irem os padrinhos com um sacerdote. O diabo perguntará então do meio dos penedos:

- Como queres a criança? Como veio ou como está? Se lhe responderem: Como veio, a criança sai bem. Mas se lhe disserem como está, sai negra e a comer bichos, alimentação que Satanás lhe dava no seu cativeiro.

 Diz-se que o diabo frita sardinhas na Ponte da Aliviada, que um fantasma envolto num lençol percorre as proximidades da ponte à mei-noite, que quem cair ao rio neste local nunca mais aparece.»

Na sua Crónica dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, D. Nicolau de Santa Maria narra-nos que, tendo sido transferido o corpo do bispo D. Sesnando, morto em aura de santidade, para a igreja de Santa Maria de Vila boa do Bispo, o seu sarcófago manteve-se na Capela de São Salvador. Ali acorriam os seus devotos a britar a pedra tumular colocando os pedacinhos ao pescoço dos doentes que com eles ficariam curados.

Havia até doentes que se enfiavam no próprio sarcófago para sanar os males de que padeciam.

Em 1556 estando arruinada a capela, foi lá o lavrador Pedro Anes, buscar pedras para umas casas que estava a fazer. Vendo o sarcófago logo pensou em levá-lo para pia dos porcos. Ainda o colocou em cima de um carro de bois, mas os bois não andavam e o carro desfez-se. Tentou de novo, com o mesmo resultado até que desistiu, pois 40 anos mas tarde o vigário-geral do mosteiro mandou buscar o túmulo e colocou-o no claustro para continuar a devoção dos fieis.

Contos e Lendas

14
Jul22

Lenda da Mulher mais linda – Alpiarça

 

Até 1914, Alpiarça estava integrada no espaço territorial de Almeirim.

Tornando-se independente, a vila destacou-se pelo seu republicanismo. Bem, o que é certo é que a população como que ficou esquecida das lenda que se contavam à lareira ao serão. Assim sendo, após aturadas buscas de alguns investigadores locais e forasteiros, interrogando os mais sabedores das tradições de Alpiarça, parece ter-se produzido um singular oco que ninguém consegue preencher. Memória curta ou preconceituosa?

Deve-se a Manuel Evangelista um interessante livro intitulado. “Lendas da Ribeira de Muge” (2004).

Olhando o mapa, reparamos que este vale atravessa Almeirim antes de encarreirar, fronteiriço, entre Almeirim e Alpiarça.

Atentamente, importa destacar a mitografia  correspondente a essa linha do Norte a partir do momento em que o curso de água atinge a linha divisória e segue até à Chamusca. As contas, cuido, podem ser assim  efectuadas. Ora, então,  vamos lá pela bacia deste afluente do Tejo e alcancemos a palavra de Manuel Evangelista:

«Esta história é uma comparação. Vem desde o principio do mundo. Era uma rapariga muito linda. A mulher mais linda. Muito linda que ela era. É o mesmo que era a Emília Vitória. A Emília Vitória era muito linda. A mulher mais linda. Muito linda que ela dera. Contava-me a minha avó que se passou assim.

Dantes usavam-se os azeites numa talha. Havia uma rapariga muito linda. A mulher mais linda. Muito linda que ela era. Depois ia tirar azeite à talha. Via-se ao espelho pelo azeite e dizia assim: «Ai tão linda que eu sou!» Respondia-lhe uma voz: «Então e a sorte?» Tornava a tirar azeite à talha. Remirava-se ao espelho pelo azeite e voltava a dizer: «Ai tão linda que eu sou!» Respondia-lhe a voz: «Então e a sorte?» Até que ela contemplando-se, arranjou coragem e perguntou: «Que sorte é a minha?» A voz da consciência  respondeu: «Tens sete anos de mundana a sofrer pelo mundo!» Ela então nunca mais foi ao azeite à talha . Nunca mais disse que  era linda, enquanto não cumpriu a sorte que Deus lhe tinha dado.

Andou a cumprir aquele degredo sete anos. A Emília Vitória era linda, linda. Só que tinha aquele condão.

Não vi ainda uma mulher mais linda que aquela… Era uma mulher que não se conservava com homem nenhum. Há um destino que no fim de se cumprir acabou aquele fado, ganha-se outro rumo, outra vida.

Contava-me a minha avó. Dizia a minha avó que a gente tem sempre um fado para cumprir.

Acabando aquela pena, a pessoa depois tem outro rumo. Termina aquela pouca sorte, aquela angústia, aquele mau sofrimento, aqueles passos mal dados. Acaba aquela sina e temos outro rumo que pode ser para melhor.

Findou aquele martírio… A Emília Vitória era linda, linda. A mulher mais linda. Muito inda que ela era. Só que tinha aquele condão…»