São João da Pesqueira
A Pedra de Vileia
Em Vileia que fica na freguesia de Vilarouco, São João da Pesqueira, havia uma pedra mito especial. Os lavradores utilizavam-na para gradear a terra depois de lavrada.
À noite , punham-na em cima da grade e de manhã aparecia a terra pronta!
Segundo a lenda, era tal o mistério que envolvia a referida pedra, que ninguém conseguia decifrar-lhe o segreso. Mas um dia dois lavradores acabaram simultâneamente de lavrar e queriam deixar a pedra misteriosa sobre a sua grade.
Teimosos, discutiram, zangaram-se e, num gesto disparatado atiraram com a pedra ao fundo rio Torto! E, a pedra, foi, de facto, ao fundo, mas logo veio a boiar, e sobre ela uma sereia cantando:
Adeus, adeus á Vileia;
Que nem Vilarouco,
Nem Valongo
Se hão-de gozar dela!
E comentava alguém que "por coincidência ou não, muitas daquelas terras que estão no limite de Vilarouco não são ainda hoje de gentes desta povoação"!
Voltando a Vilarouco, a Cismeira onde há uma fraga junto à nascente de ágas férreas. Ora, essa fraga tinha uma porta misteriosa que só se abria à meia-noite, depois de pronunciadas palavras mágias do "Livro de São Cipriano"! Dentro diziam havia tesouros espantosos. E uns homens da aldeia foram lá para os trazer. Com o livro e uma lanterna, mas ao lerem as palavras mágicas enganaram-se e as fragas começaram a rebentar e eles fugiram e nunca mais ninguém lá foi.
Na freguesia de Riodades á a lenda da Fraga do Sapatnho, que se refere a São Gens, que viveu pelo seculo XII. Este santo é o padroeiro dos agricultores, e a sua imagem está na capela de São salvador de Riodades.
Pois andava um dia São Gens a lavrar com uma junta de bois quando lhe apareceu um lobo. Com toda a desfaçatez, mesmo à vista de quem lavrava, o lobo comeu um dos bois.
Logo o santo deitou a mão ao lobo e obrigou-o a emparelhar à canga com o boi que lhe restava, continuando a lavrar!
São Gens é apresentado vestido de lavrador e com um boi e um lobo à charrua. Porém, o São Gens de Riodades tem uma mão a cobrir-lhe a cara por vergonha de ter batido na mãe! O povo da freguesia, cheio de boa vontade, fez-lhe uma capelinha no alto de um monte. Porém, o Santo não gostou de lá ficar tão isolado, nem da própria capela. E um dia deu um salto para cima de uma fraga, onde deixou as marcas do calçado que levava. Passou então aquela a ser a Fraga do Sapatinho. Assim como há marcas dos joelhos, dos cotovelos e a chifradura do diabo numa enorme fraga do cume do Monte do Ermo. Diz-se que em certo dia o diabo estava lá deitado ao sol quando, por qualquer razão, teve de fugir e tropeçando, caiu na tal fraga, onde ficou tudo aquilo gravado.