Contos e Conts Lendas
A Lenda dos Macacos
Era uma vez um rei que tinha três filhos e cada um deles se achava com mais direitos ao trono do pai do que qualquer dos irmãos. Então o rei mandou que fossem correr o mundo e depois daria o trono ao filho que lhe trouxesse a melhor prenda.
Os rapazes lá partiram por diferentes caminhos, mas todos em busca de prendas valiosas que lhes garantissem a posse do reino.
O mais velho encontrou uma espada de outro e logo regressou a casa, conforme combinara com os irmãos.
O segundo encontrou um ramo de ouro com uma coroa, também de ouro, tudo do ramo de uma mesma árvore. Tal como o irmão, regressou a casa convencido de que o reino seria seu.
O mais novo caminhou, caminhou muito, mas não conseguiu encontrar nada para oferecer ao pai.
Um dia chegou a uma cidade onde só haviam macacos e muitos estavam sentados à mesa diante das melhores iguarias. Vieram ter com o príncipe duas macacas., uma velha e outra jovem, que o fizeram sentar e comer com os macacos. Quando o jovem príncipe acabam de comer, a macaca velha ofereceu-lhe uma avelã.
Logo depois apareceu uma bela carruagem para onde subiram o príncipe e as duas macacas, acompanhados por uma comitiva de macacos armados. Assim regressaram ao palácio do rei onde já se encontravam os outros irmãos.
Todos estranharam a presença dos macacos, mas deixaram que entrassem no palácio.
Quando chegou a altura de entregar as prendas, o príncipe mais novo estava muito envergonhado devido à insignificância da sua oferenda e à companhia dos macacos, tanto mais que a macaca jovem não saia de junto dele.
O rei elogiou as prendas dos filhos mais velhos, mas, quando pegou na avelã, a macaca mais velha disse que o rei a deveria abrir por suas próprias mãos.
Admirado com o pedido, o rei assim fez e no momento em que abriu a avelã, a macaca mais nova transformou-se numa linda princesa e da avelã saíram sete magnificas coroas de ouro.
No mesmo instante, a comitiva de macacos tornou-se num exército de garbosos soldados.
Avaliando as várias prendas, orei ia tomar a sua decisão.
Reconhecida que a melhor prenda era aquela que lhe trouxera o filho mais novo, mas não seria ele a herdar o trono porque já tinha os sete reinos da princesa macaca a quem quebrara o encanto por ter chegado com ela até junto do seu pai. Também não seria o trono para o filho do meio porque este já tinha a sua coroa de ouro. O herdeiro seria pois o filho mais velho que lhe tinha trazido a espada de ouro.
Todos ficaram contentes e o príncipe mais novo casou com a princesa que tinha sido macaca e agora era uma linda jovem apaixonada por aquele que lhe quebrara o encanto.
Foram felizes para sempre.
A Lenda do monte da burra
Era uma vez um Monte (qual fosse então o seu nome, não restou qualquer memória).
Era uma vez, nesse monte, uma fábrica.
Era uma vez, nessa fábrica, operários marceneiros , que com as suas mãos hábeis, trabalhavam a madeira, dando a uma tradição secular.
Era uma vez crianças, muitas crianças.
Era uma vez um lavrador.
Era uma vez a burra do lavrador.
Um dia
As crianças, descuidadas, e ainda não sensibilizadas para os riscos que o fogo comporta, resolveram deitar fogo a uns papéis velhos, junto das instalações da marcenaria (não havia ainda os papelões, a lembrar a necessidade de reciclagem dos desperdícios).
E, ou porque, sentindo frio, quisessem aquecer-se, ou porque se entusiasmassem a presenciar a dança das chamas,foram acrescentando mais e mais papel. Quando se aperceberam do perigo, era já demasiado tarde a fogueira erguia-se em grossas labaredas, avançando devastadoras sobre a fábrica.
Impotentes para vencer as chamas que , incontroláveis , iam arrasando todos os sonhos, os operários resolveram abandonar as
instalações, pondo a salvo as suas vidas.
Da marcenaria, apenas restavam cinzas.
Nas cinzas da marcenaria, o futuro dos operários e suas famílias.
O lavrador passava por ali, de regresso a casa conduzido pela burra .
Pressentindo o fogo, a burra ergueu ao ar o seu nariz sensível, aspirou intensamente o cheiro a queimado e fixou os olhos na enorme fogueira.
Em vão tentou o lavrador obrigar a burra a seguir o seu caminho: fazendo jus ao aforismo, quando mais o dono a puxava para longe do fogo, tanto mais ela, teimosamente num acto suicida, fincava as patas no solo, como que a dizer:
"Daqui não saio, daqui ninguém me tira!"
Cônscio de que não poderia pela força vencer as razões ( fossem elas quais fossem) do animal, o lavrador resolveu pôr-se a salvo,abandonando-a à sorte que escolhera (vá lá alguém adivinhar porquê).
Diz-se que, quando no dia seguinte os operários voltaram ao local para verificar o que sobrara dos seus postos de trabalho, encontraramjunto às cinzas da fábrica, o corpo carbonizado da burra e que ali se deixara morrer ficando até ao fim a observar o espectáculo únicodas chamas bruxuleantes.
Da fábrica, dos operários, do lavrador, dos meninos que atearam o fogo, ninguém mais falou...
Mas o Povo, que tem sempre razão, por razões que desconhecemos, decidiu, em memória da burra-poeta, mudar o nome desse elevado (nome que ninguém mais recorda qual seria...) para MONTE DA BURRA.
É aí, nessa pequena elevação de RIO TINTO,que está instalada a escola Preparatória de Rio Tinto, que por essa razão é a ESCOLA DO MONTE DA BURRA.