contador de visita

Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

http://joaoalegria.blogs.sapo.pt

<div id="sfc33p9rmnbqy98b4ahfpn4a6hu3sah3hg5"></div> <script type="text/javascript" src="https://counter8.stat.ovh/private/counter.js?c=33p9rmnbqy98b4ahfpn4a6hu3sah3hg5&down=async" async></script>

http://joaoalegria.blogs.sapo.pt

<div id="sfc33p9rmnbqy98b4ahfpn4a6hu3sah3hg5"></div> <script type="text/javascript" src="https://counter8.stat.ovh/private/counter.js?c=33p9rmnbqy98b4ahfpn4a6hu3sah3hg5&down=async" async></script>

Contos e Lendas

29
Mai21

Alão Quer e a Merceana - Alenquer

 

Segundo a lição do mesmo cronista de Alenquer, eis a lenda do cão Alão Quer, de onde terá nascido o topónimo: “Conta a tradição que na manhã do dia em que teve lugar o combate final, indo o rei cristão com o seu séquito banhar-se no rio e fazer as suas correrias, notaram que um cão grande e pardo, que vigiava as muralhas e que se chamava Alão, calou-se e lhes fez muitas festas. O rei, tomando isso como um bom presságio, mandou  começar o ataque, dizendo: “O Alão quer!” palavras que serviram como futuro apelido à vila. A batalha foi sanguinolenta e renhida e os cavaleiros cristãos fizeram prodígios de valor. Especialmente no postigo próximo onde estava a Igreja de Santiago, a luta foi renhidíssima, mas os portugueses, inspirados pela fé de que Santiago em pessoa pelejava na sua frente, venceram todos os obstáculos e tomaram a praça”.

 

Há uma segunda tradição que diz que o cão Alão estava encarregado de levar as chaves na boca todas as noites pela muralha fora até à casa do Governador.

Os cristãos, aproveitando o instinto do animal, prenderam uma cadela debaixo de uma oliveira  à vista do cão, que para lhe chegar, galgou os muros, passando assim as chaves aos portugueses.

 

Merceana

 

Eis a lenda da Merceana, tal como a contou o primeiro investigador da história local, Guilherme Henriques, em 1873:

“No centro de Alenquer, está o templo, majestoso em honra de Nossa Senhora da Piedade, objeto de um fervoroso culto durante quinhentos anos. Conta a tradição que em 1305 um pastor de Aldeia Galega pastando seus bois nas charnecas vizinhas, notou que todas as tardes a certa hora, lhe faltava um boi da manada chamado Marciano, voltando mais tarde a aparecer.

Admirado com o caso, espreitou o animal e,  seguindo-lhe o rasto, foi achá-lo ajoelhado aos pés de um carvalheiro, e entre a folhagem da árvore via-se uma imagem pequenina de Nossa Senhora.

O pastor apressou-se a avisar o prior de Aldeia Galega e ele com os habitantes foram buscar a imagem e trouxeram-na para a igreja paroquial.

Na mesma noite a imagem desapareceu e foram achá-la novamente no carvalheiro. Entenderam que a Senhora assim queria mostrar desejo de estar para sempre naquele sítio e por isso lhe fizeram uma ermida ali mesmo, que logo se tornou muito concorrida pela fama dos milagres que por intervenção de Senhora se faziam.

O pastor que descobriu a imagem, dedicou-se ao serviço da Senhora, servindo de ermitão da mesma ermida, e, quando faleceu, foi enterrado debaixo do altar dela.

Nos anos posteriores, os devotos vinham colher terra da sua sepultura para curar os padecimentos que os afligiam”.

 

 

 

Contos e Lendas

24
Mai21

A Fonte das Almas.jpg

A Fonte das Almas

 

Sobre a Fonte Santa de Alte, a norte de Paderne, concelho de Albufeira, consta que Estácio da Veiga (1836- 1891) põs a lenda em verso:

 

Era de Maio uma tarde

De tais flores perfumada

Que a virgem Mãe do Rosário

De tanto enlevo elevada

 

Junto à margem de um ribeiro

Céu e terra contemplava.

Nas águas que ali correm

Via-se Ela retratada.

 

E dos mirtais e roseirais

Que o ribeiro refrescava

Uma capela tecera

Para a Senhora da Orada.

 

Tecida que era a capela

Logo ali se ausentara,

Levando no seu regaço

O Filhinho de Sua alma.

 

Indo em meio do caminho

Grande calor apertava,

A água o Menino pedia,

Mas sua Mãe não lha dava.

 

Que dentre aquelas estevas

Olho de água não brotava.

Crescia sede, crescia,

E então a Virgem parava.

 

 

Contos e Conts Lendas

14
Mai21

A Bela e a Cobra

 

Era uma vez um rei que tinha três filhas, uma das quais era muito formosa e ao mesmo tempo dotada de boas qualidades. Chamava-se Bela. O rei tinha sido muito rico, mas, por causa de um naufrágio, ficou completamente pobre.

Um dia foi fazer uma viagem; antes porém perguntou às filhas o que queriam que ele lhes trouxesse. – Eu, disse a mais velha, quero um vestido e um chapéu de seda.

– Eu, disse a do meio, quero um guarda-sol de cetim.

– E tu que queres? – perguntou ele à mais nova.

– Uma rosa tão linda como eu, respondeu ela.

– Pois sim, disse ele.

E partiu.

Passado algum tempo trouxe as prendas de suas filhas, disse à mais nova:

– Pega lá esta linda rosa. Bem cara me ficou ela!

Bela ficou muito preocupada e perguntou ao pai por que é que lhe tinha dito aquilo. Ele, a princípio, não lho queria dizer, mas ela tantas instâncias fez, que ele lhe respondeu que no jardim onde tinha colhido aquela rosa encontrou uma cobra, que lhe perguntou para quem ela era; que ele lhe respondeu que era para a sua filha mais nova e ela lhe disse que lha havia de levar, se não que era morto. Depois disse ela:

– Meu pai, não tenha pena, que eu vou.

Assim foi. logo que ela entrou naquele palácio, ficou admirada de ver tudo tão asseado, mas ia com muito medo. O pai esteve lá um pouco de tempo e depois foi-se embora. Bela, quando ficou só, foi a uma sala e viu a cobra. Ia-se a deitar quando começaram a ajudarem-na a despir. Estava ela na cama quando sentiu uma coisa fria; deu um grito e disse-lhe uma voz: – Não tenhas medo.

Em seguida foi ver o que era e apareceu-lhe uma cobra. Ela, a princípio, assustou-se, mas depois começou a afagá-la. Ao outro dia de manhã apareceu-lhe a mesa posta com o almoço. Ao jantar viu pôr a mesa, mas não viu ninguém; a noite foi-se deitar e encontrou a mesma cobra. Assim viveu durante muito tempo, até que um dia foi visitar o pai; mas quando ia a sair ouviu uma voz que lhe disse:

 

– Não te demores acima de três dias, senão morrerás.

Ia a continuar o seu caminho e já se esquecia do que a voz lhe tinha dito. Chegou a casa do pai. Iam a passar três dias quando se lembrou que tinha de tornar; despediu-se de toda a sua família e partiu a galope; chegou lá à noite, foi-se deitar, como tinha de costume, mas já não sentiu o tal bichinho. Cheia de tristeza, levantou-se pela manhã muito cedo, foi procurá-lo no jardim e qual não foi a sua admiração vendo-o no fundo dum poço! Ela começou a afagá-lo chorando; mas, quando chorava, caiu-lhe uma lágrima no peito da cobra; assim que a lágrima lhe caiu a cobra transformou-se num príncipe, que ao mesmo tempo lhe disse:

– Só tu, minha donzela, me podias salvar! Estou aqui há uns poucos de anos e, se tu não chorasses sobre o meu peito, ainda aqui estaria cem anos mais.

O príncipe gostou tanto dela que casou com ela e lá viveram durante muitos anos.

 

A Cabeça da Velha

 

 Na Senhora do Desterro, em S. Romão, encontra-se um penedo que, pela sua configuração natural, se assemelha à cabeça de uma mulher idosa.

 

Em tempos viveu na serra uma jovem chamada Leonor, que era rica e bonita, mas que vivia sob a tutela de D. Bernardo, seu tio, e com uma velha aia de nome Marta.

 

O tio de Leonor, que era cruel e despótico, rejeitava o namoro da sobrinha com D. Afonso, um fidalgo arruinado e muito pobre. Para contrariarem a resistência de D. Bernardo, os dois enamorados encontravam-se às ocultas, sempre com a ajuda da velha aia. Confiavam na velha, pois ela garantira-lhes que se algum dia os traísse seria transformada numa pedra.

 

O acaso fez com que certo dia, vindo Marta com uma carta de D. Afonso para Leonor, o fidalgo obrigou-a a entregar-lha a ele. Era a marcação de um encontro, mas sem dizer o local e hora, pois só a criada o sabia. O tirano conseguiu arrancar à velha o segredo, após ameaças de morte.

 

Quando D. Afonso se encontrou com Leonor, com Marta a acompanhá-los de longe, como era hábito, mas incapaz de os avisar do perigo, foram alertados por gritos. Os dois apaixonados deslocaram-se ao sítio onde sabiam que Marta os aguardava e encontraram a velha transformada em pedra. Logo suspeitaram do que se passava e fugiram para a Galiza. Regressaram mais tarde, após a morte do tio, e foram ao mesmo lugar. Lá estava a cabeça da velha Marta.

 

 

 

Contos e Conts Lendas

04
Mai21

PASTORINHA DO ARRABAL

 

Era uma vez ... em tempos muito antigos, estava uma menina a pastorear o seu rebanho de algumas cabras.

Era um dia de canícula pesada, um daqueles dias em que a própria camisa é roupa demais para se trazer vestida.

E a menina pastora tinha sede. Tinha muita sede e, como não tinha ali água para se dessedentar, nem havia fonte próxima, a pequenina pastora chorava.

Chorava com sede e ninguém lhe acudia.

Eis se não quando uma fada muito branca, envolta em uma nuvem ainda mais branca, se aproximou da pastorinha que chorava e lhe perguntou:

“Que tens tu, pastorinha, para chorares tanto?”

“Choro porque tenho sede, muita sede, e aqui não há água para beber.”

“E porque não vais a tua casa beber água?”

“Não vou a minha casa beber água porque o meu pai bate-me, como já me tem batido de outras vezes por eu ir a casa. Ele não quer que eu deixe o gado sozinho.”

“Então vai a casa – lhe diz a fada – e leva as cabrinhas à tua frente. Lá bebes água e voltas ao pascigo.”

“O meu pai só quer que eu saia com o gado de manhãzinha, que traga a merenda e que regresse pouco antes do lusco–fusco. E, se assim não fizer, o meu pai bate-me.”

“Então, olha! Lhe disse a fada. Levanta aquela pedra, que ali está, e lá encontrarás água para beber.”

A pastorinha que tinha muita sede e que chorava por não ter água para beber, foi levantar a pedra, como lhe tinha mandado a boa fada, e lá encontrou água muito fresca, pura e cristalina, que a menina pastora bebeu, até ficar saciada. E a pastorinha deixou de chorar, e, já sorridente, olhou, com alegria, as suas cabrinhas a pastar sob o sol tórrido daquele dia de Verão.

E voltando o seu olhar agradecido para a boa fada que lhe matara a sede, já não a viu. Nunca mais a viu, mas também nunca mais a esqueceu.