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Contos e Lendas

27
Mar21

A Senhora da Lapa

 

Já agora, vão à Igreja do Santuário de Nossa Senhora da Lapa.

No interior, tem uns penedos e, entre eles, a pequena imagem da padroeira, ali mesmo encontrada por uma pastorinha muda.

Conta a lenda que foi em mil quatrocentos e noventa e oito.

A moça levava sempre o rebanho para ali, tendo renovado as roupas da imagem, que estavam em mau estado.

A mãe, desconfiada do encaminhamento diário da filha, marcou-lhe outros campos.

Ela foi, mas levou consigo a imagem.

No entanto, a mãe, farta de a ver fazer roupas opara a Santa, atirou com a imagem à lareira.

 A muda falou: “É a Nossa senhora!”

Neste momento paralisou o braço à mulher, mas normalizou logo que ela rezou, arrependida, acompanhada pela filha que recuperava então a voz.

Contos e Lendas

27
Mar21

O Rei Chiquinho

 

 No concelho de Sernancelhe, queira o leitor dirigir-se à freguesia de Faia

e lá procurar a Quinta da Lagoa. Não lhe será difícil descortinar a Casa da Torre.

Quando lá chegar, abra a cesta da merenda e, enquanto saboreia umas boas fatias de presunto, lembre-se desta lenda:

O cenário está à sua frente, à sua volta. É que nessa casa vivia um fidalgote a quem o povo, irritado, chamava de Rei Chiquinho. Porque era um reizinho tiranete, que mentia, enredava, caluniava, praticava as maiores maldades e ria-se de tudo e de todos com a maior desfaçatez.

Era a maneira de não se aborrecer naquela casa, naquela terra.

Ora, um dia, o Rei Chiquinho excedeu-se numa questão de terras, e os camponeses com quem ele disputava, fartos de o aturar, não estiveram com mais medidas, nem cerimónias, queixando-se às autoridades da região. O juiz por seu turno, farto de ouvir falar nas tropelias do acusado, procedeu a uma criteriosa investigação, concluindo que ele era culpado de vários crimes, pelo que o mandou prender.

E lá foi uma força da Policia à Casa da Torre, mas revistou a casa sem encontrar o Rei Chiquinho. E indo já a certa distância, o fidalgo aparecia à janela e cantarolava em falsete: “Rei Chiquinho já cá está, quem quiser que volte cá”. E voltavam os guardas a procurá-lo em sua casa sem darem com ele. Porém, quando saíam, lá o viam à janela a gozar com eles do mesmo modo.

É verdade que aquilo aconteceu várias vezes, até que a polícia desistiu de lhe deitar a mão! Também se conta que, em dada altura, passando o Rei de Portugal por Sernancelhe, foi pernoitar à Casa da Torre e estranhou que um homem endinheirado como o dono, vivesse num quase pardieiro. O Monarca chamou-lhe a atenção e respondeu-lhe o Rei Chiquinho que ali voltasse dentro de três meses.

Efetivamente, dada a volta que ali empreendera, o Rei chegando a Faia, deu com um magnífico palácio. Admirou-se e perguntou como aquilo fora possível.

Ora meu senhor, foi o demónio que me ajudou!

Anos depois de o tiranete local ter morrido, foi encontrado um corredor subterrâneo que ligava a Casa da Torre a um lugar distante de cem metros, mas nunca ninguém teve a coragem de o percorrer inteiramente.

 

 

 

 

Provérbio e Adivinhas

26
Mar21

Provébios

 

Deus quer, o homem sonha, a obra aparece

Do trabalho e experiência, aprendeu o homem a ciência

Dinheiro compra pão mas não compra gratidão

É tarde para economia quando a carteira está vazia

Em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão

 

Adivinhas

 

De Roma está bem perto

Uma casa bem ordenada

Tem uma coroa

E é de abóbada fechada.

R. A romã

 

Toda a gente a pode ver e causar

Mas ninguém a pode trocar 

R. A sombra

 

Feito contra o calor

Sendo de abrir e fechar

Por vezes artistas finos

Se esmeram em o adornar

R. Guarda-chuva

 

Qual é coisa qual é ela

Que quanto mais alta está

Melhor se lhe chega?

R. A água no poço

 

Faltam-me três para quatro

Se esta cotovia mato

Quantas já matei?

R. Nenhuma

 

Sou ave, penas não tenho

Capa de ovelhas me cobre

Sou criada numa árvore

Coitadinha sou tão pobre.

R. Avelã

 

Qual é coisa qual é ela

Do feitio de um pipinho

Sem ter aços nem arquinho

Seguro o meu vinhinho.

R. O Ovo

 

Contos e Lendas

26
Mar21

Lenda da Serra da Estrela

 

Contava a lenda que havia um rei ao qual chegou a notícia de que todas as noites um pastor do alto da serra conversava com uma estrela. O rei mandou logo chamar o pastor e ordenou-lhe que lhe desse a sua estrela, prometendo em troca dar-lhe muitas riquezas e muitos dos seus bens. O pastor não aceitou, pois preferia ser pobre do que perder a sua estrela. Ao voltar à sua pobre cabana no alto da serra, o pastor ouviu uma doce melodia que era a sua estrela a cantar. Ela estava com receio de que o pastor se deixasse levar pela ambição da riqueza. O pastor ficou todo contente e a estrela prometeu que sempre seria sua amiga. Então o velho pastor exclamou: De hoje em diante, esta serra há-de chamar-se Serra da Estrela.

Conta a lenda que no alto da serra ainda hoje se vê uma estrela que brilha de maneira diferente das outras estrelas, como que à procura do bom e velho pastor amigo.

Contos e Lendas

25
Mar21

 

O ferreiro, Jesus Cristo e o demônio

 Um ferreiro fez um trato com o demônio, adquirindo este o direito de levar-lhe a alma para o inferno sete anos depois.

Durante os sete anos, entretanto, o diabo faria com que o ferreiro se tornasse o melhor artista do ramo no mundo inteiro.

Nosso Senhor Jesus Cristo, entrando com São Pedro na oficina do ferreiro,

pôs-se a conversar com ele.

De repente entrou um freguês que desejava mandar ferrar o cavalo.

— Permites-me que eu me desempenhe dessa tarefa? — perguntou Jesus.

— Faze como quiseres — respondeu com superioridade o ferreiro. — Se trabalhares mal, sempre hei de poder reparar o erro, visto que sou o melhor ferreiro do mundo.

Sorriu Jesus, e pegando uma das patas do animal, cortou-a. Em seguida, colocando-a na bigorna, ferrou-a com toda a perfeição. Terminado o trabalho, reuniu a pata à perna do cavalo. Cortou a segunda pata e repetiu a operação. Fez a mesma coisa com as outras duas, e recolocou tudo no devido lugar.

O ferreiro, assombrado, fitava-o com os olhos esbugalhados. Nunca vira método mais rápido e original.

Passado algum tempo, entrou na oficina a mãe do ferreiro, uma velhinha corcunda, retorcida, cheia de rugas.

— Queres ver o que sou capaz de fazer? — perguntou Nosso Senhor Jesus Cristo ao ferreiro.

E pegando a mulher, colocou-a sobre a bigorna. Depois, valendo-se de pregos, de martelo e de ferro em brasa, transformou-a em belíssima jovem. Findo o trabalho, despediu-se do ferreiro, que ficara o tempo todo boquiaberto.

No dia seguinte um freguês pediu ao ferreiro que lhe ferrasse o cavalo.

— Como não?! — retrucou o homem. — Vai ser já. Aprendi ontem um novo método, que me foi ensinado por um artista estrangeiro.

Cortou as quatro patas do cavalo, como vira Nosso Senhor Jesus Cristo fazer, colocou-as sobre a bigorna e ferrou-as com a devida precisão.

Mas quando se tratou de reuni-las às pernas do pobre animal, começaram as deceções. Nada conseguiu, por mais que lidasse.

O dono do cavalo começou a bradar como possesso, e ameaçou o infeliz ferreiro de levá-lo à polícia. O ferreiro, para se ver livre da embrulhada, viu-se obrigado a desembolsar grande quantidade de dinheiro.

Passou-se aquele dia. No outro, estava o ferreiro na porta da oficina, pensando na desgraça da véspera, quando viu uma velhinha bem corcunda e muito feia. Nasceu-lhe no espírito uma ideia luminosa.

Agarrou-a, colocou-a sobre a bigorna, e apesar dos gritos da infeliz, começou a batê-la sem pena. Se o forasteiro fizera a mesma coisa com sua mãe, e a mudara em criatura mais do que formosa... Bate que bate, acabou por matar a velhinha, reduzindo-a a um monte informe de carne e ossos.

Alguns dias depois, voltou Nosso Senhor Jesus Cristo a aparecer na oficina do ferreiro. Imediatamente este lhe contou o que sucedera.

Queixou-se também do diabo, que não manteve a palavra empenhada, pois estava visto que ele não era o melhor ferreiro do mundo, como supusera até então.

Tratou Jesus de consolá-lo. Depois disse-lhe:

— Manifeste três desejos, e Eu os realizarei.

— Quero que a pessoa que subir à extremidade daquela árvore lá fique enquanto me agrade. Quero também que aquele a quem eu ordene sentar-se naquela poltrona fique lá guardado até que me dê na veneta de soltá-lo. O meu terceiro desejo é que aquele a quem eu ordene entrar neste saco se veja obrigado a nele ficar até que eu resolva permitir-lhe sair.

— Serão concedidos — respondeu Nosso Senhor Jesus Cristo, desaparecendo.

Foram-se os sete anos do trato feito com o demônio. E este foi procurar imediatamente o ferreiro.

— Estás pronto? — perguntou-lhe.

— Sim, estou. Mas antes desejaria terminar este trabalho. Olha, enquanto esperas, sobe naquele árvore de peras e tira as que mais te agradarem. Deves estar com fome, evidentemente!

 

 

O demônio obedeceu e subiu.

— Agora que aí estás — disse-lhe o ferreiro, desatando a rir — aí ficarás até que eu resolva te fazer descer.

Tentou o demônio descer por si, mas nada conseguiu. Uma força misteriosa o retinha na árvore. Começou então a chorar:

— Se me fizeres descer, dar-te-ei outros quatro anos de vida.

— Desce! — ordenou o ferreiro.

Transcorridos quatro anos do novo prazo, o demônio voltou e perguntou ao ferreiro:

— Estás pronto?

— Quase. Antes quero apenas que me deixes terminar este trabalho. Enquanto esperas, bem podes descansar nesta poltrona.

O demônio, cansadíssimo, mergulhou na poltrona.

— Ah! Ah! Agora que aí te encontras — riu-se o ferreiro — ficarás até que eu decida o contrário.

O demônio fez mil e um esforços para levantar-se, mas foi obrigado a reconhecer-se vencido.

— Deixa-me ir — pediu ao ferreiro, em tom de súplica — e eu te concederei outros quatro anos de vida.

— Levanta-te! — limitou-se a dizer nosso amigo.

Passaram mais aqueles quatro anos. Pela terceira vez surgiu o demônio, convidando o ferreiro a segui-lo.

— Pois não — concordou o ferreiro. — Podemos até partir já, se quiseres. Olha, preparei-te uma linda surpresa, neste saco.

O diabo, curioso como ele só ele era, entrou no saco para ver mais de perto a surpresa que lhe havia sido reservada. Imediatamente o ferreiro amarrou a boca do saco, e colocando-o na bigorna, pegou o martelo e começou a bater sem dó.

— Ai! ai! ai! — gemia o demônio. — Deixa-me ir, que nunca mais virei aqui!

O ferreiro, depois de muita insistência do demônio, abriu o saco. E o maligno, mais que depressa, desapareceu, não sendo mais visto nas redondezas.

Provérbio e Adivinhas

22
Mar21

Adivinhas para saber a solução

passe o cursor a seguir

"No monte nasce, no monte se cria,

chega a casa com a tia."

Solução: Urze

 

 "Sou velha, ninguém o nega,

foi-se a minha mocidade,

mas ainda desta idade

Deus de filhos me carrega.

O Inverno me faz cega,

olhos me abre o Verão,

tenho um filho por brasão,

que é muito forte e valente,

faz perder a muita gente,

honra, brio e distinção."

Solução: Videira

 

"Que é, que é,

que nasce nuns pauzinhos,

redondinho como bogalhinhos

e é tão aternegado

que até aos pés é calcado?"

Solução: Uva

 

Provérbio e Adivinhas

22
Mar21

Provérbios

 

Em casa cheia, depressa se faz a ceia

Na casa onde houver dinheiro, deve haver um só caixeiro

Pau que nasce torto, tarde opu nunca se indireita

Pior cego é o que não quer ver

Quem corre por gosto, não se cansa

Quem diz o que quer, ouve o que não quer

Remenda o teu pano e dura mais um ano

Se queres conhecer o vilão, põe-lhe uma vara na mão

Se queres ser bom juiz, ouve o que cada um diz

A esperança é a última a morrer

 

Contos e Lendas

22
Mar21

Torre dos Namorados

 Conta-se que há muito tempo atrás, no local que hoje é conhecido como o centro da Torre dos Namorados existia uma cidade muito povoada, onde abundava a prosperidade e a felicidade. A cidade era governada por um rei muito consciente dos seus deveres para com os súbditos. Era dotado de um sentido de justiça apuradíssimo e revelava uma moral inabalável e incorrupta. Muito estimado pela população, para este governante, a palavra tinha um valor insubstituível e, dizia-se na altura, "antes preferia morrer que vergar". Tinha o rei uma filha casadoira que fazia suspirar de paixão os mancebos da cidade com sua beleza sem igual. Ousadia para pedir ao rei a mão da princesa faltava a quase todos os jovens apaixonados. O seu perfil de monarca rígido e moralista fazia adivinhar que não teria escrúpulos em mandar para a forca quem se atrevesse a cometer a mais pequena indelicadeza ou ousasse falar-lhe sequer na mão da real filha.

Posta a situação nestes termos, deram os jovens por bem empregue o tempo e a coragem de que dispuseram para se dirigir ao palácio real a pedir ao rei a mão da filha e, no dia seguinte, puseram mãos à obra. Passaram-se meses. As obras de um e outro empreendimento avançavam com rapidez e em breve se concluiriam.

No dia em que terminaram era grande a excitação, quer da corte, quer da população da cidade. Todos se dirigiram ao centro da cidade para verificarem qual dos dois mancebos iria desposar a jovem princesa. Mas o dia, que nascera cinzento, pouco haveria de clarificar. Exactamente ao mesmo tempo em que um jovem colocava a bica na fonte principal de abastecimento da cidade que a partir daí não mais pararia de jorrar, o outro acabava de colocar a última peça de ouro no pináculo de uma espectacular e sólida torre capaz de defender a cidade dos maiores ataques inimigos. Continuava por apurar o noivo da bela princesa. O rei estava estupefacto e a sua face ficou pálida de amargura. Não poderia cumprir o prometido. A população decidiu que os dois jovens deviam bater-se num duelo de espadas e o que ficasse sem se ferir casaria com a jovem. Assim fizeram, mas as espadas quebraram-se ficando os jovens sem uma única beliscadura. Decididamente parecia que a princesa teria de permanecer solteira e o rei sem poder cumprir o prometido. Facto grave e intolerável para o monarca. É que ninguém como ele tomava à letra a sentença: "palavra de rei não volta atrás". O lugar onde teve lugar a matança da princesa ficou conhecido por isso mesmo: Mata da Rainha. Hoje é uma freguesia do concelho do Fundão.

 Foi então que, como um trovão, se ouviram as seguintes palavras doídas que saíram da boca do rei: “- Torre feita, água à porta; filha de el-rei morta!”

A princesa logo percebeu que nunca seria rainha pois estava condenada à morte pela dureza da sentença de seu próprio pai, montou um cavalo e fugiu em direcção ao Sul. De pouco lhe valeu. Rapidamente foi capturada pelos soldados do rei que aí mesmo, cumprindo   ordens, a mataram.

Tempos passaram e a beleza da princesa cada vez era maior. Cabelos de ouro e face que parecia irradiar a luz do sol, caracterizavam a sua beleza única. Certa tarde de Primavera, dois jovens mais ousados e bêbados de paixão dirigem-se corajosamente ao palácio real para falarem com sua majestade a fim de obterem consentimento para casarem com a jovem princesa. O rei recebeu-os com dignidade respeitando os seus sentimentos de puro amor. Obviamente, a sua filha era única e apenas um podia ser o eleito. Como monarca justo que era e, tendo a mesma consideração e estima pelo carácter e amor sincero dos seus dois jovens súbditos, falou-lhes nos seguintes termos: «- Meus caros jovens: não tenho qualquer dúvida que qualquer um de vós ama perdidamente a princesa e poderá vir a ser um excelente marido para a minha filha e um melhor pai para os meus netos e sucessores. Contudo a minha filha, a quem venero com todo o meu coração, é única e vós sois dois pretendentes. Se der a sua mão a um de vós estarei a ser injusto. Entretanto a cidade está a ficar com problemas de abastecimento de água à população que não pára de crescer. Por outro lado, o palácio não tem uma torre sólida e funcional que nos possa por a salvo em caso de um ataque imprevisível dos nossos inimigos. Eis as tarefas que vos proponho: um de vós deve iniciar a construção de um aqueduto suficientemente eficaz e sofisticado que resolva os problemas de abastecimento de água à cidade. O outro deve empenhar-se na construção de uma torre tão sólida e funcional que este reino nada venha a recear em caso de ataque e cerco pelos nossos inimigos. Começai os trabalhos amanhã ao alvorecer. O primeiro que acabe a tarefa que lhe destino terá a honra de casar com a minha filha. Agora ide e que ganhe o melhor!».

Contos e Lendas

18
Mar21

Lenda do Senhor Santo Cristo dos Milagres.

As freiras do Convento da Caloura sentiam-se muito tristes porque o povo da localidade de Água de Pau estava a ficar com pouca fé e temor a Deus. Passavam muito tempo a rezar com grande fervor e achavam que, se tivessem uma imagem nova no seu convento, poderiam atrair os paroquianos de volta aos caminhos da fé.

Resolveram então escrever uma carta ao papa em Roma, para pedir que lhes fosse oferecida uma imagem nova para o convento, visto que não tinham dinheiro para a comprarem pelos seus próprios meios. Mas quando receberam a resposta, verificaram que o seu pedido não tinha sido atendido. No entanto, não desesperaram e, apesar das adversidades, continuaram a ter fé.

Reza a lenda que estes acontecimentos ocorreram numa época em que havia muitos piratas e corsários a percorrer os mares dos Açores. Uma nau que passava ao largo da ilha de São Miguel foi atacada por barcos piratas e muitos dos seus destroços acabaram por dar à costa.

Num destes dias, depois de terem terminado os seus afazeres nos jardins do convento, as freiras encontravam-se a descansar à beira-mar quando viram na água, a flutuar junto às pedras, uma caixa da qual parecia emanar uma luz. Curiosas, desceram para a costa, puxaram o caixote para a praia e quando o abriram viram que continha um lindo busto de Cristo. A imagem tinha um olhar vivo e uma expressão humilde e serena.

De imediato as religiosas acharam que tinham recebido um milagre, porque o Santo Cristo tinha escolhido aportar à ilha de São Miguel, ilha cujo povo tinha fama de ser muito crente. Quando os habitantes de Água de Pau tomaram conhecimento do ocorrido ficaram muitos felizes e a sua fé cresceu. A fama da imagem rapidamente se espalhou desde a vila a outros locais da ilha, juntamente com a fama dos milagres feitos pelo Santo Cristo.

Durante muitos anos esta imagem do senhor Santo Cristo foi venerada no Convento da Caloura. No entanto, devido à proximidade deste com o mar e devido aos constantemente ataques por parte dos piratas, as freiras tiveram que se retirar para Ponta Delgada, para o Convento de Nossa Senhora da Esperança, para onde levaram a imagem de Santo Cristo, onde ainda hoje se encontra.

Contos e Lendas

12
Mar21

Abóbada
Em 6 de Janeiro de 1401, acorria o povo ao Mosteiro de Santa Maria da Vitória conhecido também pelo Mosteiro da Batalha, para assistir ao Auto de Celebração dos Reis que teria a presença de D. João I.

O Mosteiro, que nesta altura ainda não se encontrava concluído, era da autoria do mestre Afonso Domingues, cuja idade avançada e cegueira tinham levado ao seu afastamento da grande obra. A sua conclusão tinha passado para as mãos de um irlandês, o mestre Ouguet e Afonso Domingues não se conformava com o facto de el-rei lhe ter retirado a direcção daquela obra de arte.
João I vinha desejoso de visitar a Casa do Capítulo do Mosteiro que mestre Ouguet tinha recentemente concluído, seguindo o traçado dos projectos de Afonso Domingues à excepção da abóbada que cobria o Capítulo.
No entender do mestre irlandês, seria impossível concretizar a abóbada imaginada por Afonso Domingues por esta ser muito achatada e, sem consultar o mestre português, decidiu concluí-la de outra forma.
Como D. João I tinha chegado atrasado, resolveu assistir ao Auto dos Reis na igreja, deixando a visita da Casa do Capítulo para o dia seguinte. E em boa hora o fez.
Estava no Capítulo o irlandês Ouguet, vangloriando-se da sua supremacia sobre o mestre português, quando reparou com horror nas fendas que se abriam na abóbada e que ameaçavam a sua queda.
Ouguet irrompeu pela igreja como um possesso, dizendo, entre muitas frases incongruentes, que o mestre Afonso Domingues lhe tinha enfeitiçado o trabalho.
Pensando que o irlandês estava possuído pelo Demónio, os frades acorreram a exorcizá-lo perante o grande espanto do Rei.
Ouguet caiu desmaiado ao mesmo tempo que um tremendo estrondo anunciava a queda da abóbada da contígua Casa do Capítulo, apenas 24 horas depois de ter sido concluída.

El-Rei D. João I chamou então Afonso Domingues à sua presença e nomeou-o novamente mestre das obras do mosteiro, pondo o irlandês sob as suas ordens.
A construção da abóbada foi então retomada, agora seguindo o seu primitivo traçado. Chegou assim o grande dia em que foram retiradas as traves dos simples que sustentavam a abóbada.
Apenas foi deixada no centro da sala uma pedra onde ficou sentado Afonso Domingues. A abóbada não caiu e o velho mestre ficou sentado naquela pedra, sem comer nem beber durante três dias, cumprindo um voto que tinha feito a Cristo.
Ao fim do terceiro dia, El-Rei recebeu a triste notícia de que o grande arquitecto português tinha morrido antes de proferir as palavras "A abóbada não caiu.... a abóbada não cairá!". Da pedra sobre a qual Afonso Domingues acabou os seus dias foi esculpida uma estátua em sua memória, que foi colocada na Casa do Capítulo, honrando assim um dos maiores mestres arquitectos de todos os tempos.

 

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