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Lendas da nossa terra

29
Abr16

PASTORINHA DO ARRABAL

Era uma vez ... em tempos muito antigos, estava uma menina a pastorear o seu rebanho de algumas cabras.

Era um dia de canícula pesada, um daqueles dias em que a própria camisa é roupa demais para se trazer vestida.

E a menina pastora tinha sede. Tinha muita sede e, como não tinha ali água para se dessedentar, nem havia fonte próxima, a pequenina pastora chorava.

Chorava com sede e ninguém lhe acudia.

Eis se não quando uma fada muito branca, envolta em uma nuvem ainda mais branca, se aproximou da pastorinha que chorava e lhe perguntou:

“Que tens tu, pastorinha, para chorares tanto?”

“Choro porque tenho sede, muita sede, e aqui não há água para beber.”

“E porque não vais a tua casa beber água?”

“Não vou a minha casa beber água porque o meu pai bate-me, como já me tem batido de outras vezes por eu ir a casa. Ele não quer que eu deixe o gado sozinho.”

“Então vai a casa – lhe diz a fada – e leva as cabrinhas à tua frente. Lá bebes água e voltas ao pascigo.”

“O meu pai só quer que eu saia com o gado de manhãzinha, que traga a merenda e que regresse pouco antes do lusco–fusco. E, se assim não fizer, o meu pai bate-me.”

“Então, olha! Lhe disse a fada. Levanta aquela pedra, que ali está, e lá encontrarás água para beber.”

 A pastorinha que tinha muita sede e que chorava por não ter água para beber, foi levantar a pedra, como lhe tinha mandado a boa fada, e lá encontrou água muito fresca, pura e cristalina, que a menina pastora bebeu, até ficar saciada. E a pastorinha deixou de chorar, e, já sorridente, olhou, com alegria, as suas cabrinhas a pastar sob o sol tórrido daquele dia de Verão.

E voltando o seu olhar agradecido para a boa fada que lhe matara a sede, já não a viu. Nunca mais a viu, mas também nunca mais a esqueceu

 

 Jorge e o Dragão

O culto de S. Jorge foi introduzido em Portugal nos primórdios da nacionalidade, através dos cruzados ingleses que participaram na Reconquista. Entre alguns dos devotos deste Santo, que nasceu de uma ilustre família cristã de Capadócia (actual Turquia), estão D. João I e o Condestável Nuno Alvares Pereira.

 Mestre-de-campo do imperador Diocleciano com apenas vinte anos, o valente S. Jorge insurgiu-se contra a injustiça da perseguição dos cristãos. Por esta razão, o imperador romano mandou-o torturar mas este escapou ileso à roda de pontas cortantes que lhe deveria dilacerar o corpo. Mas S. Jorge acabou por morrer decapitado nos finais do século III.

 A história mais conhecida de S. Jorge tem a ver com a morte de um dragão terrível que existia em Silene, na Líbia. Os habitantes desta cidade ofereciam-lhe duas ovelhas por dia, para acalmar a sua fúria. Um dia, porém, o dragão tornou-se mais exigente e reclamou um sacrifício humano, cuja escolha aleatória recaiu sobre a filha única do rei da Líbia. Foi então que S. Jorge apareceu e se ofereceu para lutar com o dragão, libertando a cidade daquele terrível jugo. Montando a cavalo com a sua lança, feriu o dragão e, ordenando à princesa que tirasse o seu cinto e com ele amarrasse o pescoço do dragão, trouxe-o preso para a cidade. Aí chegados matou o dragão perante todos os habitantes, depois de exigir em troca a sua conversão ao cristianismo.

 Mas os habitantes de S. Jorge, perto de Aljubarrota, reclamam uma outra versão da história do dragão passada na sua terra. Era então S. Jorge um oficial romano que estava aquartelado naquela região e tinha por costume mandar os seus soldados dar de beber aos cavalos na "Fonte dos Vales", no ribeiro da mata. Mas, no momento em que os cavalos bebiam surgia da fonte um dragão que os devorava. Os soldados, com medo de serem também mortos, recusavam-se a voltar à fonte. S. Jorge dirigiu-se à fonte, deu de beber ao seu cavalo e quando o dragão surgiu, matou-o com a sua lança. Por esta razão, foi construída uma capelinha naquele local onde foi colocada a imagem de S. Jorge a cavalo, dominando o temível dragão.

 

 

Lendas da nossa terra

19
Abr16

 

A Cabeça da Velha

 

 Na Senhora do Desterro, em S. Romão, encontra-se um penedo que, pela sua configuração natural, se assemelha à cabeça de uma mulher idosa.

Em tempos viveu na serra uma jovem chamada Leonor, que era rica e bonita, mas que vivia sob a tutela de D. Bernardo, seu tio, e com uma velha aia de nome Marta.

O tio de Leonor, que era cruel e despótico, rejeitava o namoro da sobrinha com D. Afonso, um fidalgo arruinado e muito pobre. Para contrariarem a resistência de D. Bernardo, os dois enamorados encontravam-se às ocultas, sempre com a ajuda da velha aia. Confiavam na velha, pois ela garantira-lhes que se algum dia os traísse seria transformada numa pedra.

O acaso fez com que certo dia, vindo Marta com uma carta de D. Afonso para Leonor, o fidalgo obrigou-a a entregar-lha a ele. Era a marcação de um encontro, mas sem dizer o local e hora, pois só a criada o sabia. O tirano conseguiu arrancar à velha o segredo, após ameaças de morte.

Quando D. Afonso se encontrou com Leonor, com Marta a acompanhá-los de longe, como era hábito, mas incapaz de os avisar do perigo, foram alertados por gritos. Os dois apaixonados deslocaram-se ao sítio onde sabiam que Marta os aguardava e encontraram a velha transformada em pedra. Logo suspeitaram do que se passava e fugiram para a Galiza. Regressaram mais tarde, após a morte do tio, e foram ao mesmo lugar. Lá estava a cabeça da velha Marta.

 

GRUTA DA LAPA DE SANTA MARGARIDA

 

Situada no sopé da Serra da Arrábida, junto ao mar, aonde se chega por barco ou por terra por um caminho construido ali por um ermitão, descendo-se cerca de 200 degraus de pedra até ao local, a gruta da Lapa de Stª Margarida é um lugar invulgar muito visitado ainda hoje, onde se encontra uma capela em estado degradado construida ali no século XVII. Nela existiam 3 imagens (de Nª Srª da Conceição, Stº António e Stª Margarida) nos nichos que se vêm na figura acima mas que desapareceram com o tempo, estando uma delas guardada no Convento da Arrábida.

 Neste lugar faziam-se muitas peregrinações nos séculos passados, principalmente os sírios dos Pescadores vindos nos seus barcos engalanados de todo o lado, e o ambiente tornava-se festivo mas de autêntico Recolhimento Espiritual, onde as pessoas oravam e cantavam unidas pelo mesmo sentimento de fé independentemente de sua convicção pessoal. Hoje não é mais assim e o local até se encontra um tanto desprezado.

 A gruta mede cerca de 22 metros de comprimento (o números de Anciãos ou Sábios) mas como se liga em algumas partes com outras partes mais pequenas, mede na totalidade 40 metros (número referido várias vezes na Bíblia como marco de acontecimentos importantes. Exe: os 40 dias e 40 noites de chuvas no Dilúvio, os 40 dias que Moisés passou no Monte Sinai, os 40 dias que Jesus passou no deserto, etc.), e pode conter até 400 ou 500 pessoas que no acto litúrgico no passado em louvor à Santa ali venerada, em Missa Cantada, com archotes na mão, dava ao tecto (de estalactites) efeitos surpreendentes que impressionavam a nossa visão. Nesta gruta brotava também, de uma fonte, a mais bela e fina água que entretanto deixou de correr por razões que talvez tenham a ver com obstruções de rochas ou galhos secos no percurso da água pela Serra.

 No silêncio da gruta que à entrada faz lembrar a penetração para o "útero materno", ouvem-se as ondas do mar batendo nas rochas, cujo eco no interior torna o local misterioso, quase mágico, perturbado apenas pelo piar persistente de gaivotas que por ali existem, sentindo-se naquele espaço uma estranha sensação mas maravilhosa vibração.

 

A verdade é que pouco se sabe porque é que se chama ao local "Lapa de Stª Margarida" e qual das 3 Santas corresponde o mesmo nome de épocas e nacionalidades diferentes (ver aqui), pois que a gruta era mais visitada pelos Pescadores que ali veneravam a Nª Srª da Salvação ou da Galé como ficou sendo conhecida numa lenda que conta que um grupo de pescadores foi perseguido no mar, atacados por um navio corsário, ou piratas sarracenos, que entretanto ficaram encalhados próximo da Lapa onde os perseguidos se salvaram todos. Como tinham invocado a imagem de Nª Srª do Menino Jesus que se encontrava na Gruta, foi então que em memória disso fizeram um barco e colocaram na mão esquerda da imagem, ficando assim conhecida por "Nª Srª da Galé" ou da Salvação. Curiosamente, esta imagem está esculpida também numa parede dos jardins do Convento dos Capuchos na Caparica.

 Defronte da lapa, existe um Penedo sobre o qual D.Álvaro de Lencastre (Duque de Aveiro) passava horas nas suas pescarias, ficando assim conhecido como o Penedo do Duque. Esse Penedo, prende-se também a uma lenda do povo que dizia que ali apareciam "monstros marinhos" que apavoravam as pessoas, tradição esta igual à da orla marítima de Sintra onde a voz popular jurava que ali apareciam criaturas marinhas com metade do corpo humano e outra metade com caudas de peixes, cujas narrativas Damião de Góis recolheu e incluiu na sua obra de 1554 Urbis Olisioponis.

 E pronto, fica aqui mais uma pequena contribuição para a divulgação de coisas de Setúbal (Seth-Ubal) e seus mistérios, como cidade cheia de história num país que se chama Portugal (Porto-Graal), faltando este cumprir-se de novo (como dizia Fernando Pessoa) para tempos que trarão novos rumos ao Mundo e Acontecimentos necessários a uma Nova Era Universal.

Lendas de nossa terra

16
Abr16

A Bela e a Cobra

Era uma vez um rei que tinha três filhas, uma das quais era muito formosa e ao mesmo tempo dotada de boas qualidades. Chamava-se Bela. O rei tinha sido muito rico, mas, por causa de um naufrágio, ficou completamente pobre.

Um dia foi fazer uma viagem; antes porém perguntou às filhas o que queriam que ele lhes trouxesse. – Eu, disse a mais velha, quero um vestido e um chapéu de seda.

– Eu, disse a do meio, quero um guarda-sol de cetim.

– E tu que queres? – perguntou ele à mais nova.

– Uma rosa tão linda como eu, respondeu ela.

– Pois sim, disse ele.

E partiu.

Passado algum tempo trouxe as prendas de suas filhas, disse à mais nova:

– Pega lá esta linda rosa. Bem cara me ficou ela!

Bela ficou muito preocupada e perguntou ao pai por que é que lhe tinha dito aquilo. Ele, a princípio, não lho queria dizer, mas ela tantas instâncias fez, que ele lhe respondeu que no jardim onde tinha colhido aquela rosa encontrou uma cobra, que lhe perguntou para quem ela era; que ele lhe respondeu que era para a sua filha mais nova e ela lhe disse que lha havia de levar, se não que era morto. Depois disse ela:

– Meu pai, não tenha pena, que eu vou.

Assim foi. logo que ela entrou naquele palácio, ficou admirada de ver tudo tão asseado, mas ia com muito medo. O pai esteve lá um pouco de tempo e depois foi-se embora. Bela, quando ficou só, foi a uma sala e viu a cobra. Ia-se a deitar quando começaram a ajudarem-na a despir. Estava ela na cama quando sentiu uma coisa fria; deu um grito e disse-lhe uma voz: – Não tenhas medo.

Em seguida foi ver o que era e apareceu-lhe uma cobra. Ela, a princípio, assustou-se, mas depois começou a afagá-la. Ao outro dia de manhã apareceu-lhe a mesa posta com o almoço. Ao jantar viu pôr a mesa, mas não viu ninguém; a noite foi-se deitar e encontrou a mesma cobra. Assim viveu durante muito tempo, até que um dia foi visitar o pai; mas quando ia a sair ouviu uma voz que lhe disse:

– Não te demores acima de três dias, senão morrerás.

Ia a continuar o seu caminho e já se esquecia do que a voz lhe tinha dito. Chegou a casa do pai. Iam a passar três dias quando se lembrou que tinha de tornar; despediu-se de toda a sua família e partiu a galope; chegou lá à noite, foi-se deitar, como tinha de costume, mas já não sentiu o tal bichinho. Cheia de tristeza, levantou-se pela manhã muito cedo, foi procurá-lo no jardim e qual não foi a sua admiração vendo-o no fundo dum poço! Ela começou a afagá-lo chorando; mas, quando chorava, caiu-lhe uma lágrima no peito da cobra; assim que a lágrima lhe caiu a cobra transformou-se num príncipe, que ao mesmo tempo lhe disse:

 

– Só tu, minha donzela, me podias salvar! Estou aqui há uns poucos de anos e, se tu não chorasses sobre o meu peito, ainda aqui estaria cem anos mais.

O príncipe gostou tanto dela que casou com ela e lá viveram durante muitos anos.

 

Uma menina especial

 

Era uma vez duas amigas, que andavam na mesma escola. Elas chamavam-se Joana e Margarida.

Na escola havia uma menina muito pequenina porque tinha uma doença, e as pessoas gozavam-na. Uma vez as duas amigas perguntaram-lhe:

-Como é que te chamas?

E ela respondeu a medo:

-Chamo-me Leonor.

Elas perguntaram-lhe:

-Quantos anos tens?

Ela já com pouco medo respondeu:

-Tenho 11 anos.

A Joana disse:

-Que coincidência, nós também temos. Amanhã, podes vir a minha casa e ficamos as três a conversar.

Ela concordou e a Joana disse onde ficava a sua casa.

No dia seguinte a Leonor foi a casa da Joana. Em casa da Joana, encontrou-se com a Joana e com a Margarida e tiveram a conversar sobre as suas férias e sobre as preferências da Leonor.

A partir daquele dia as duas amigas, começaram a andar sempre com Leonor. E a Leonor nunca mais foi gozada, porque a Joana e a Margarida não deixavam que ninguém se metesse com ela.

Lendas da nossa terra

15
Abr16

Sapatinhos Encantados

 

Era uma vez uma mulher muito bonita que dava estalagem e a todos os almocreves que lá iam perguntava se tinham visto uma mulher mais bonita do que ela. Ela tinha uma filha mais bonita do que ela e tinha-a fechada para ninguém a ver. Disse-lhe um dia um almocreve: «Ainda agora ali vi uma mulher mais bonita a uma janela a pentear-se.» «Ai! Era a minha filha; pois vou mandar matá-la.»

E mandou dois criados matá-la a um monte e ela disse-lhes que a não matassem, que a deixassem, que prometia não tornar a casa. Os criados tiveram dó dela e deixaram-na. Ela foi indo e chegou a uma serra e viu uma casa; era noite; pediu se a acolhiam e não achou ninguém. Entrou para dentro e fez a ceia, e assim que a acabou de fazer, escondeu-se; nisto chegaram ladrões que vinham de fazer um roubo e, depois que viram a ceia feita, começaram a dizer: «Ai! Quem nos dera saber quem é que fez a ceia. Se por aí está alguém, apareça.»

E ela apareceu-lhes e contou-lhes a sua sorte, coitadinha, e eles disseram: «Agora não se aflija; há-de ficar connosco e fazemos a atenção que você é nossa irmã.» Daí por diante os ladrões lá iam para os seus roubos e ela ficava sempre; eles estimavam-na muito e tratavam-na.

Ia uma velhota a casa da mãe dela que andava sempre em recados por muitas terras e a mãe dela disse-lhe: «Você, como anda por muitas terras, diga-me se já viu uma cara mais linda do que a minha.»

E ela disse-lhe: «Vi, vi uma rapariga que ainda era mais linda que você em tal banda.» «Você quando vai para lá? Quero que lhe leve uns sapatos.» E deu uns sapatos à velha e disse-lhe: «Leve-lhos e diga-lhe que é a mãe que lhos manda; mas ela que os calce antes de você de lá sair; eu quero saber de certo que ela os calça; olhe que eu pago-lhe bem.»

A mulher levou os sapatos à filha; chegou lá e disse-lhe: «Aqui tem esses sapatos que lhe manda a sua mãe.» Ela disse-lhe: «eu não quero cá sapatos nenhuns; meus irmãos dão-me quantos sapatos eu quiser; não os quero.»

A velha ateimou tanto com ela que ela pegou neles; calçou um, fechou-se um olho; calçou outro, fechou-se-lhe o outro olho e ela caiu morta. Depois vieram os ladrões, choraram muito ao pé dela, lastimaram muito a morte dela e depois disseram: «Esta cara não há-de ir para debaixo da terra; levemo-la num caixão à serra de tal banda que vem lá o filho do rei à caça para ele ver esta flor.»

Depois levaram-na a esse sítio; veio o filho do rei e viu-a e achou-a muito bonita e depois tirou-lhe um sapato e ela abriu um olho, tirou-lhe outro, abriu outro olho e ficou viva. E ele então levou-a para casa e casou com ela e foram visitar a bêbeda da mãe e esta ainda depois mesmo a queria mandar matar, mas não o conseguiu.

 

Vendedora de Cebolas

A rapariga tinha sido mandada à feira pela madrasta para vender um cesto de cebolas e uma giga de ovos. Saíra de casa com o cesto à cabeça ainda o sol não tinha nascido. Por várias vezes, ao longo do caminho, os socos derraparam nas pedras escorregadias pela geada. Salvou-a da queda o bom equilíbrio que sempre teve. Deixasse cair o cesto e era certa a tareia da madrasta. Tanto mais que não se vendem cebolas maçadas e ovos muito menos e ela tinha de entregar em casa o dinheiro certinho.

Chegou à feira já o sol ia alto. Quanto mais cedo se chegasse, melhor negócio se fazia. Os preços começavam a baixar com o arrastar da manhã e os mercadores acabavam por vender os últimos produtos a menos de metade do preço, para não terem de regressar a casa com eles.

Passou ao lado da tenda do mercador de caldeirões e corou quando o viu a falar com uma velha que apontava para um caldeirão. Ele era tão bonito, que a rapariga gostava de passar ali só para o ver. O jovem mercador nem para ela olhava. E como poderia ele olhar para uma rapariga tão feia e tão miseravelmente vestida? Mas ela não se importava. A lembrança dele nos dias duros de trabalho e nas noites frias aquecia-lhe o peito e isso bastava-lhe.

Poisou o cesto – ninguém ali à volta se oferecera para a ajudar a descê-lo da cabeça, nem mesmo as conhecidas de outros dias de feira que ao lado apregoavam os produtos – e sentiu-se derreada.

No dia anterior, a madrasta tinha-a mandado retirar o estrume do curral, trabalho que lhe ocupou grande parte do dia. Já na cozinha, quando tinha mais vontade de comer e ir para a cama do que fazer o que quer que fosse, a madrasta ainda a obrigou a fazer a ceia e a preparar o cesto para a feira. Enquanto picava uma cebola para o refogado, chorou e o pai, que acabava de chegar de uma lavrada, perguntou-lhe:

– Por que choras, minha filha?

E ela disse-lhe que por causa da cebola. O pai acreditou e sentou-se junto à lareira a tirar as botas antes de pôr os pés ao fogo. A madrasta, ao lado, cosia uns fundilhos e ali estiveram a fazer sala à espera que o manjar estivesse pronto, enquanto os dois miúdos, seus meio-irmãos, por ali andavam a arranhar-se com gritos e correrias.

Foi muito tarde que a rapariga se foi deitar no quarto das traseiras, depois de ter lavado a loiça, preparar o avental, a saia e a blusa que no dia seguinte vestiria para a feira. Mesmo assim, aos olhos de quem passava, não parecia mais do que uma mendiga, tão remendada estava a saia, tão gasto o avental e tão puída a blusa.

Apesar de todas as desgraças, o negócio corria-lhe bem e no final da manhã tinha vendido quase todos os ovos e boa parte das cebolas. Estava com tanta fome que se atreveu a pegar numa cebola, das mais pequenas. Tirou-lhe as várias camadas de casca e começou a comê-la com um pedacito de pão duro que guardara no bolso do avental. Estava ela de boca cheia, sentindo a acidez da cebola a picar-lhe a língua, quando se aproximou a velha que ela tinha visto a conversar com o jovem mercador. Trazia um caldeirão na mão, parou junto ao cesto e perguntou-lhe pelo preço das cebolas. A rapariga disse-lhe que, como eram as últimas, lhas dava por metade do preço. A velha apalpou uma e comentou:– Não me parece que durem todo o Inverno.

Têm a casca mole.

Piscou o olho direito e acrescentou:

– Se mas deres por metade do preço dessa metade que dizes, talvez as leve.

– Não posso, tiazinha – respondeu a rapariga. – A minha madrasta recomendou-me que não descesse o preço mais do que o justo. Se não lhe entregar o dinheiro certo, ela castiga-me.

– E como sabe ela qual é o dinheiro certo antes de a feira acabar? – perguntou a velha piscando desta vez o olho esquerdo. – É por acaso bruxa?

A rapariga não sabia dizer. As bruxas são más, toda a gente sabe, e se assim fosse, a madrasta era uma bruxa. Mas a rapariga também sabia que as bruxas eram velhas e feias. E então a madrasta já não podia ser bruxa. Foi por ser nova e bonita que o pai, quando ficou viúvo, casou com ela. Mas não sabia explicar como sabia a madrasta o dinheiro que a rapariga lhe deveria entregar.

– Talvez – sugeriu a velha – ela não saiba, mas diz que sabe para tu ficares com medo e não te deixares enganar pelos clientes ou não gastares o dinheiro mal gasto.

E pôs-se a matutar. Bem que as cebolas valiam o dinheiro que a rapariga pedia. Mas ela não tinha moedas suficientes. Foi então que lhe surgiu uma ideia:

– Dás-me as cebolas pelo meu preço e não precisarás mais de te preocupar com a tua madrasta, que deve ser uma mulher bem mais malvada do que eu.

A rapariga não percebeu bem a fala da velha do caldeirão. Mas porque lhe pareceu que a velha era atrasadinha, coitada, deu-lhe as cebolas ao preço que ela estava disposta a pagar. A velha meteu as cebolas no caldeirão e foi-se embora muito satisfeita depois de ter dito como despedida:

Eu te fado bem fadada

Para que sejas bem casada.

A rapariga guardou as moedas no bolso do avental, acabou de comer a cebola e o pão, ajeitou o cesto na cabeça, agora bem mais leve e preparou-se para abandonar a feira. Passou na tenda do mercador dos caldeirões e, como sempre fazia, olhou para lá de relance. Estava estranhamente abandonada, com os caldeirões brilhando ao sol sem ninguém que os guardasse. A rapariga aproximou-se, poisou o cesto e pôs-se a observar a tenda. Ali perto havia um charco e ela ouviu um coaxar. Junto à água estava um enorme sapo, tão grande como ela nunca vira. A maneira como o bicho coaxava parecia dizer: Beija-me, beija-me, mas dito pelo nariz. Ela pôs-lhe a mão e sentiu-lhe o dorso viscoso. Se fosse outra, sentiria nojo e fugiria dali a cuspir. Mas a rapariga estava habituada a coisas bem mais nojentas que a madrasta a obrigava a fazer.

– Estás aqui sozinho? Coitadinho! – disse ela.

E o sapo coaxava: Beija-me, beija-me. Ela pegou nele em ambas as mãos, como se pegasse numa flor, passou-lhe os lábios pela cabecita sem pescoço e, sem que ela percebesse como, viu-se ao colo do jovem mercador de caldeirões. Ele sorriu e retribuiu-lhe o beijo. Depois disse:

– És a rapariga mais bela deste reino. E porque me salvaste, farei de ti a rainha dos caldeirões.

 

 

 

Lendas da nossa terra

12
Abr16

Lenda de Rio Tinto

 

Rio Tinto tem o seu nome ligado ao rio que atravessa a cidade, havendo mesmo uma lenda que explica o porque do nome Rio Tinto.

No início do século IX, os Cristãos ganhavam terreno aos Mouros. Governava o Conde Hermenegildo Gutierres o território da Galiza até Coimbra, tendo como centro o Porto.

Contudo, o Califa Abderramão II, com um poderoso exército, fez uma violenta investida, cercando a cidade do Porto. O Rei Ordonho II desceu em socorro do seu sogro, o Conde Gutierres, conseguindo afastar os Mouros e perseguindo-os para longe da cidade. Junto a um límpido ribeiro, travou-se a sangrenta batalha. Na memória do povo, ficou o sangue derramado que, de tão abundante, tingiu as cristalinas águas do rio, passando desde então a chamar-se Rio Tinto.

O rio atravessa a freguesia sensivelmente a meio, numa orientação aproximada Norte-Sul. Nasce em Ermesinde, muito perto do limite norte da freguesia e é a principal, e quase única, linha de água que existe na localidade. Durante séculos, o rio forneceu à população água e peixe. As lavadeiras ganhavam a vida nas suas águas, proliferavam nas margens os moinhos, cujos moleiros disputavam com os lavradores a água das regas. Mais recentemente, durante a última década do século XX, o rio que corre em Rio Tinto foi alvo de um crime ecológico, tendo uma parte considerável da sua extensão sido entubada e enterrada a alguns metros abaixo da superfície do solo, de forma a facilitar a expansão urbanística do pequeno município.

 

MONTE DA BURRA

 

             Era uma vez um Monte (qual fosse então o seu nome , não restou qualquer memória).

             Era uma vez , nesse monte , uma fábrica.

             Era uma vez , nessa fábrica , operários marceneiros , que com as suas maõs hábeis , trabalhavam a madeira , dando corpo

             a uma tradição secular.

             Era uma vez crianças , muitas crianças ...

             Era uma vez um lavrador.

             Era uma vez a burra do lavrador.

             Um dia ....

           As crianças , descuidadas , e ainda não sensibilizadas para os riscos que o fogo comporta , resolveram deitar fogo a uns

             papéis velhos , junto das instalações da marcenaria (não havia ainda os papelões , a lembrar a necessidade de reciclagem

             dos desperdíçios).

             E ... ou porque , sentindo frio , quisessem aquecer-se , ou porque se entusiasmassem a presenciar a dança das chamas ,

             foram acrescentando mais e mais papel. Quando se aperceberam do perigo , era já demasiado tarde:a fogueira erguia-se

             em grossas labaredas , avançando devastadoras sobre a fábrica .

             Impotentes para vencer as chamas que , incontroláveis , iam arransando todos os sonhos , os operários resolveram abandonar as

             instalações , pondo a salvo as suas vidas.

             Da marcenaria , apenas restavam cinzas.

             Nas cinzas da marcenaria , o futuro dos operários e suas famílias.

             O lavrador passava por ali , de regresso a casa , condunzindo pela arreata a burra .

             Pressentindo o fogo, a burra ergueu ao ar o seu nariz sensível, aspirou intensamente o cheiro a queimado e fixou os olhos na enorme fogueira.

             Em vão tentou o lavrador obrigar a burra a seuguir o seu caminho: fazendo jus ao aforismo, quando mais o dono a puxava para longe

             do fogo, tanto mais ela, teimosamente num acto suicida, fincava as patas no solo, como que a dizer:"Daqui não saio, daqui ninguém me tira!"

              Cônscio de que não poderia pela força vencer as razões ( fossem elas quais fossem) do animal, o lavrador resolveu pôr-se a salvo,

             abandonando-a à sorte que escolhera (vá lá alguém adivinhar porquê).

             Diz-se que, quando no dia seguinte os operários voltaram ao local para verificar o que sobrara dos seus postos de trabalho, encontraram,

             junto às cinzas da fábrica, o corpo carbonizado da burra e que ali se deixara morrer, ficando até ao fim a observar o espectáculo único

             das chamas bruxuleantes.

             Da fábrica, dos operários, do lavrador, dos meninos que atearam o fogo, ninguém mais falou...

             Mas o Povo, que tem sempre razão, por razões que desconhecemos, decidiu, em memória da burra-poeta, mudar o nome desse local

             elevado (nome que ninguém mais recorda qual seria...) para MONTE DA BURRA.

             É aí, nessa pequena elevação de RIO TINTO,que está instalada a escola Preparatória de Rio Tinto, que por essa razão é a

             ESCOLA DO MONTE DA BURRA.

Lendas da nossa terra

08
Abr16

A fada do castelo de Gratot

No antigo Condado de Normandia, perto da cidade de Coutances, morava um jovem da nobre família de Argouges. Esse forte e brilhante cavalheiro adorava passear a cavalo horas a fio.

Um belo dia, próximo de um pequeno lago, ele ouviu um canto melodioso que provinha de uma voz doce. Avançando lentamente, encontrou uma bela dama junto às águas límpidas.

Tão suaves eram seus gestos, tão charmosa sua voz, e tão rara e irreal sua beleza, que o jovem foi logo conquistado por ela.

– “Bom dia... eh ... bela senhorita.

– “Oh, o senhor me pegou de surpresa.

– “Quer dizer... por favor...

– “Não vos escuseis, meu senhor, eu não deixo de cumprir todas as regras. Bom dia, nobre senhor.

– “Bom... eu diria...

– “Hi hi hi hi, o senhor me faz rir com os seus tartamudeios.

– “Bela senhorita, quereis casar comigo?

– “Antes de vos dizer SIM, quero um favor.

– “Farei tudo o que seja de vosso prazer, minha amiga.

– “Eu vos peço de jamais pronunciar na minha presença esta palavras: M.O.R.T.E.

– “Mas por quê?

– “Prometei-me isso e eu me casarei com o senhor.

– “Vossos desejos são ordens!

O castelo de Gratot hoje está em ruínas.

Ambos viveram sete anos na maior das felicidades.

Certa noite, eles organizaram uma festa no castelo.

A fada – pois era disso que se tratava – ficou demorando muito diante do espelho.

Perdendo a paciência e enfurecido pela demora da bela esposa, o senhor gritou, desde um dos extremos do corredor:

– “Minha Senhora, vós sois muito lenta nos vossos afazeres! Seríeis rápida em pedir a morte?

A fada soltou então um berro desgarrador, subiu na beira da janela e desapareceu, deixando impresso no muro a marca de seu pé e de sua mão.

No lago só se viam ondas circulares.

Se nas noites de tempestade, perto das antigas residências dos senhores de Argouges e do castelo de Gratot, ouvirdes uma voz murmurar “Morte... Morte...”, não fiqueis apavorados, pois é a fada a infestar aqueles locais.

E, sobretudo, antes de se casar, considerai fazê-lo com moças de famílias bem conhecidas, e não com qualquer uma, que seduz e depois se revela uma fada esquisita, ou uma bruxa.

 

D.Fuas Roupinho

Era um nobre português que viveu no séculoXII, Participava ao lado de D.Afonso Henriques à reconquista cristã .

Foi alcaide-mor de Porto de Mos e

Teria sido tambem o primeiro Comandante naval português, que comandou a esquadra portuguesa e venceu a esquadra Muçulmana ao largo do cabo Espichel.

 Diz a lenda:

 No século XII, o cavaleiro D.Fuas Roupinho, senhor da região praticava o seu desporto favorito que era a caça ao veado.

Dos matagais surge um veado que parte numa correria louca em direcção da falésia do Sitio de Nazaré.

De repente , cães e cavaleiro encontram-se num espesso nevoeiro que lhes impede de ver o horizonte .O bicho que para se livrar dos seus presseguidores corre em direcção da falésia e salta para o mar.

O nosso bravo D.Fuas Roupinho com a emoção da caçada e lançado a galope quando deparou com a falésia sentiu-se perdido implorou a nossa Senhora Virgem Maria .Imediatamente uma imagem milagrosa da Virgem Maria com o Menino ao colo, apareceu em frente do cavalo fazendo-lhe um tal efeito de surpresa, que este fincou as patas trazeiras na rocha e impediu a queda no precipicio, como aconteceu com os cães e o veado que finalmente não era outro que o proprio demonio.

O senhor D. Fuas roupinho fez edificar uma capela naquele local e que ficaria conhecida como ( Capela da memoria), em homenagem à Virgem que o salvou de uma morte certa.

O rei D. Fernando fez ampliar esta capela e eleva-a à condição de igreja matriz.

 

Lendas da nossa terra

07
Abr16

 

A ESTRELA

 

 Era uma vez um menino chamado Júlio.

Júlio vivia num apartamento com e mãe e o seu cão chamado Félix.

Ele era um menino calmo, muito sossegado e não tinha muitos amigos, mas isso não tinha grande importância para ele, pois ele tinha uma amiga muito especial, a quem contava todos os seus segredos.

Júlio só via a sua amiga à noite, quando ficava a admirá-la da janela do seu quarto. Ela era tão bonita, tão brilhante que ele não se cansava de a olhar, a sua amiga era uma Estrela que todas as noites esperava a sua visita, a amizade dos dois era o seu segredo.

Certo dia, a caminho da escola, Júlio ai tão distraído a pensar na Estrela, que caiu. Fez um esforço para se levantar mas não conseguiu, tinha partido uma perna e sentia muitas dores.

Felizmente, apareceu uma menina que o ajudou, mesmo magoado e com dores, Júlio não deixou de reparar como ela era bonita.

À saída do hospital, Júlio olhava para todos os lados mas não via a menina.

A mãe apressava-o para se irem embora, mas ele não queria ir. Sem conseguir entender a atitude de Júlio a mãe insistia:

- Vamos Júlio já e tarde, tens de ir dormir.

- Mas mãe… - resmungava Júlio – Eu tenho de agradecer aquela menina linda que me ajudou.

A mãe respondeu:

- Ouve filho, em primeiro lugar não estás nas melhores condições para a ires procurar, depois, já é muito tarde e por último não sabes quem ela é ou onde mora.

Júlio conformou-se:

- Esta bem. – disse ele – eu vou para casa, mas amanhã vou procura-la.

- Combinado – respondeu a mãe.

Á noite foi até ao parapeito da sua janela para ver a sua amiga Estrela, mas não a encontrou.

Na manhã seguinte, Júlio acordou com o barulho da campainha da porta do apartamento.

Logo a seguir a mãe entra no quarto e diz:

- Filho, tens uma visita! – e logo uma cabeça espreita á porta.

Era a menina que o tinha ajudado no dia anterior.

- Olá! – disse ela – vim entregar-te os livros que ontem deixas-te cair.

Um pouco embaraçado Júlio responde:

- Obrigado! Olha não queres ficar um pouco? Assim fazes-me companhia já que não posso sair daqui, foi um grande tombo no de ontem!

- É claro que sim – respondeu a menina – assim podemos conversar um pouco.

- Eu chamo-me Júlio e tu?

- Chamo-me Estrela.

- Estrela, que nome tão bonito! A minha melhor amiga também se chama Estrela, ou melhor, ela é uma estrela.

- Eu sei, a tua melhor amiga sou eu.

- Não, não pode ser! A minha melhor amiga é uma Estrela linda e brilhante que vive no céu – respondeu Júlio.

- Essa sou eu! Vou-te contar a minha história, para entenderes.

- Desde pequenina que eu, olhando para o céu, também, queria ser uma Estrela. Tal como tu, não tinha amigos e sentia-me sozinha.

Um dia, estava eu no meu quarto, a olhar pela janela, quando uma Estrela desceu do céu e perguntou-me:

- Porque é que estás sempre com um ar tão triste?

- Porque não tenho amigos e sinto-me só.

- Posso conceder-te um desejo, mas atenção, esse desejo só dura um mês.

- Esta bem, desejo ser uma Estrela linda e brilhante!

E assim me foi concedido o desejo, tornei-me uma Estrela.

Um dia vi-te a olhar pela janela, senti a tua tristeza e por isso tornei-me tua amiga.

- Agora já percebi – disse Júlio surpreendido.

- Espero que não estejas zangado comigo? – perguntou a Estrela timidamente.

- Não, muito pelo contrário, estou muito contente por ter uma amiga que já foi uma Estrela.

- Tenho uma surpresa para ti – disse a Estrela.

- O que é? Adoro surpresas!

- Como já fui Estrela, posso conceder-te um desejo, mas não te esqueças, só dura um mês.

- A sério?

- Sim, amanhã volto para saber qual é o teu desejo.

- Combinado e obrigado por tudo.

Nessa noite, Júlio não conseguiu dormir a pensar no desejo que haveria de pedir.

- Vou pedir para ser um Estrela. NÃO! Vou pedir para ter muitos amigos! Mas para que é que eu quero muitos amigos? Bastam-me um ou dois verdadeiros e sinceros.

Mas o meu maior sonho, era que os meu pais se reconciliassem e pudesse-mos voltar a ser uma verdadeira família.

É isso que vou pedir! Que eles tentem durante um mês para ficarem juntos toda a vida.

No dia seguinte, depois das aulas, Estrela apareceu em casa de Júlio, para saber qual era o seu desejo.

- Pensei tanto no desejo que haveria de escolher que nem dormi – disse Júlio a Estrela.

- Então, diz lá qual é o teu desejo? – perguntou Estrela com curiosidade.

- Tu sabes! Quando eras Estrela eu revelei-te todos os meus segredos.

- Sim, eu sei qual é, mas não te esqueças, o desejo só dura num mês!

- Não tem importância, se os meus pais tentarem um mês, pode ser que fiquem juntos o resto da vida.

- Está bem, se é isso que tu queres, o teu desejo será concedido.

Passados alguns dias Júlio estava a conversar com a mãe quando, de repente, a campainha tocou. Júlio foi abrir e a sua surpresa foi enorme ao ver o pai.

- Mãe, chega aqui – gritou Júlio.

A mãe não queria acreditar no que estava a ver e, a emoção foi tão grande, que começou a chorar.

Os pais pediram ao Júlio que fosse para o seu quarto, pois precisavam de falar os dois.

Júlio foi para o quarto muito nervoso, queria tento saber o que se estava a passar na sala!

- Será que foi a Estrela? – pensou alto.

Nisto a mãe chamou-o:

- Júlio chega aqui, por favor.

Júlio foi á sala e a mãe disse-lhe:

- Filho, eu e o teu pai temos uma coisa para te dizer, nós fizemos as pazes e decidimos voltar a viver juntos, por isso queríamos que fosses o primeiro a saber.

- A sério? Mãe? Pai? Estou tão contente! Eu sabia que a Estrela me ia ajudar!

- Senti tanto a tua falta pai!

- E eu a tua filho!

- Prometo que nunca mais me vou embora, aconteça o que acontecer, nunca mais me vou separar de vocês!

Nesse mesmo dia Júlio telefonou a Estrela para lhe agradecer e ela ficou muito contente por ter realizado o desejo do sei querido amigo.

Quando o prazo de um mês estava a acabar, Júlio andava triste, pois estava com receio que o pai se fosse, novamente, embora e tudo voltasse a se como tinha sido até ali.

Mas tal não aconteceu, pois os seus pais ficaram juntos.

Júlio e Estrela continuaram juntos e sempre que possível, olhavam para o céu cheio de Estrelas.

Um dia deixaram de olhar para o céu, pois nascera na terra a mais bela Estrela que eles alguma vez viram – A SUA FILHA!