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Lendas da nossa terra

28
Set15

A Ponte do Cavaleiro

Era uma vez ... no tempo já distante, dos princípios do cristianismo, vivia uma senhora chamada Dona Loba, que era muito rica.

Esta Dona Loba prometera ao Apóstolo São Tiago converter-se à religião de Jesus de Nazaré, então a espalhar-se por toda a Europa.

Aquele Santo, que não gostava de perder, mandou dois dos seus discípulos mais dedicados a cristianizar aquela rica senhora. Ao mesmo tempo ela escrevia uma carta a um casal muito da sua confiança e que vivia ali nas Cortes, a uma curta légua de Leiria, a pedir-lhe conselho sobre a sua conversão à Verdade de Cristo.

Estes seus amigos chamavam-se Lúcio Venónio, ele, ela Celerina, e eram romanos muito ricos e muito poderosos. Logo que os discípulos de São Tiago chegaram à fala com Dona Loba ela entregou-lhes a carta que havia escrito para Venónio e para sua mulher.

Os discípulos andaram, andaram, e alcançaram a casa de Venónio e entregaram a carta de Dona Loba. Mas Venónio, que ainda não tinha ouvido falar da doutrina de Jesus de Nazaré, não gostou do que Dona Loba dizia e mandou-os prender. Era já noite.

Mas ... quando os raios de sol começaram a dar os bons dias à terra, os Anjos libertaram os prisioneiros que logo deram às de Vila Diogo.

Venónio, ao saber da fuga dos seus prisioneiros, deu por paus e por pedras e mandou-os perseguir pelos seus homens a cavalo. Os perseguidores correram a toda a brida e foram apanhá-los junto a uma ponte que ali havia. Mas os discípulos do Apóstolo estugaram o passo para o outro lado da ponte, a salvo.

O mesmo não sucedeu aos homens de cavalo, de Venónio, que, quando chegaram ao meio da ponte esta ruiu e, catrapuz ... homens e cavalos foi tudo de roldão por água abaixo.

O povo, o bom povo das Cortes e das vizinhanças, viu neste acontecimento um castigo de Deus e converteu-se à Religião de Cristo.

Também Venónio e sua mulher Celerina se tornaram cristãos, tão bons e generosos que, no dizer do povo, ela era uma boa Santa.

Venónio, tempo depois, morreu na paz do Senhor, e sua mulher, foi para Sines onde veio a ser martirizada, por não querer abjurar a sua Fé, e tornou-se Santa muito venerada naquela terra de Sines.

E foi deste modo que começou, na região de Leiria, a cristianização dos Povos.

 

 

Lendas da nossa terra

25
Set15

A Abóbada

Em 6 de Janeiro de 1401, acorria o povo ao Mosteiro de Santa Maria da Vitória, conhecido também pelo Mosteiro da Batalha, para assistir ao Auto de Celebração dos Reis que teria a presença de D. João I. O Mosteiro, que nesta altura ainda não se encontrava concluído, era da autoria do mestre Afonso Domingues, cuja idade avançada e cegueira tinham levado ao seu afastamento da grande obra. A sua conclusão tinha passado para as mãos de um irlandês, o mestre Ouguet e Afonso Domingues não se conformava com o facto de el-rei lhe ter retirado a direcção daquela obra de arte.

  1. João I vinha desejoso de visitar a Casa do Capítulo do Mosteiro que mestre Ouguet tinha recentemente concluído, seguindo o traçado dos projectos de Afonso Domingues à excepção da abóbada que cobria o Capítulo. No entender do mestre irlandês, seria impossível concretizar a abóbada imaginada por Afonso Domingues por esta ser muito achatada e, sem consultar o mestre português, decidiu concluí-la de outra forma. Como D. João I tinha chegado atrasado, resolveu assistir ao Auto dos Reis na igreja, deixando a visita da Casa do Capítulo para o dia seguinte. E em boa hora o fez.

Estava no Capítulo o irlandês Ouguet, vangloriando-se da sua supremacia sobre o mestre português, quando reparou com horror nas fendas que se abriam na abóbada e que ameaçavam a sua queda. Ouguet irrompeu pela igreja como um possesso, dizendo, entre muitas frases incongruentes, que o mestre Afonso Domingues lhe tinha enfeitiçado o trabalho. Pensando que o irlandês estava possuído pelo Demónio, os frades acorreram a exorcizá-lo perante o grande espanto do Rei. Ouguet caiu desmaiado ao mesmo tempo que um tremendo estrondo anunciava a queda da abóbada da contígua Casa do Capítulo, apenas 24 horas depois de ter sido concluída. El-Rei D. João I chamou então Afonso Domingues à sua presença e nomeou-o novamente mestre das obras do mosteiro, pondo o irlandês sob as suas ordens. A construção da abóbada foi então retomada, agora seguindo o seu primitivo traçado. Chegou assim o grande dia em que foram retiradas as traves dos simples que sustentavam a abóbada. Apenas foi deixada no centro da sala uma pedra onde ficou sentado Afonso Domingues. A abóbada não caiu e o velho mestre ficou sentado naquela pedra, sem comer nem beber durante três dias, cumprindo um voto que tinha feito a Cristo. Ao fim do terceiro dia, El-Rei recebeu a triste notícia de que o grande arquitecto português tinha morrido antes de proferir as palavras "A abóbada não caiu.... a abóbada não cairá!". Da pedra sobre a qual Afonso Domingues acabou os seus dias foi esculpida uma estátua em sua memória, que foi colocada na Casa do Capítulo, honrando assim um dos maiores mestres arquitectos de todos os tempos.

 

 

Momento de Poesia

25
Set15

 

 

AMOLADOR

 

Na sua bicicleta peculiar

Com farragachos ao dispor

Está sentado a amolar

Este nosso amolador

 

De guarda chuvas a tesouras

Facas e outras coisas mais

Vai fazendo composturas

Sem parar de dar aos pedais

 

A vida do amolador

É uma vida atarefada

Embora poucos lhe dão valor

É uma vida respeitada

 

Nas mãos de este artesão

Não há coisa sem conserto

E tudo tem reparação

Disso eu estou certo

 

A profissão de amolador

Tem os seus dias contados

Já há poucos como este senhor

E não tardam acabados

 

.

Momento de Poesia

18
Set15

O DESALENTO

 

Se tu soubesses o que é o desalento

Da noite imensa, escutando o vento,

No deserto da dor e da saudade...

Se gritasses ao vento palavras de verdade...

Se soubesses o que é andar na vida

Ao sabor das marés, barca perdida,

No mar morte de ilusão e dos desejos...

Se te queimasse a boca o cáustico dos beijos,

Se fosses uma folha abandonada no caminho

Ave afastada do calor do seu ninho

Entregue ao vaivém da desgraça e da sorte,

Se te quebrassem as asas e desejasses a morte

Se soubesses o que é ter um coração

E arrancá-lo do peito com dura e férrea mão

Se partisses o coração como eu partí

Para não o deixar partir de amor por tí

Se sentisses na alma a labareda forte

Dum amor que vence a vida e há-de vencer a morte

Talvez então soubesses compreender

Quanto o coração de um homem pode sofrer.

 

João Rodrigues (1967)

 

Momento de Poesia

18
Set15

   A ESPERANÇA

 

No passado, uma saudade,

No presente, uma amargura,

E no futuro, uma esperança

De imaginária ventura

   Eis no que consiste a vida

Imposta por Deus ao homem.

Nisto se consomem dias!

Muitos anos se consomem!

 

Saudade é flor sem perfumes

Quando ainda verdejante,

Mas à medida que murcha,

Ai, que aroma inebriante!

   A amargura é duro espinho,

Que nas carnes penetrando,

Faz desesperar da vida,

Suas flores definhando.

A esperança é frouxa luz,

Que nas trevas nos fulgura;

Vendo-a, ousados caminhamos;

Mas, ai, que pouco dura.

Quantos mais passos andados

Na agra senda desta vida,

Mais amargo é o presente,

E a saudade mais sentida.

Mas a esperança não; os anos

Fazem-lhe perder o brilho;

Caem-lhe uma a uma as folhas

Da existência pelo trilho.

A velhice nada espera.

Nada da esperança lhe dura...

Mas não, cansada da vida,

Tem a paz da sepultura.

Tem a morada fulgente

Da inteligência Divina;

Tem as regiões sagradas,

Que eterno sol ilumina.

Bendito sejas, meu Deus!

Que nos dás na vida inteira,

A filha dos céus, a esperança,

Por suave companheira.

Ela nos enxuga o pranto,

O pranto ardente e amargoso;

Não a acusemos de pérfida,

Esperar... já é um gozo.

 

A mente, esperando, concebe,

Conceção sempre iludida,

Prazeres talvez entrevistos

Nas cenas duma outra vida.

Esperamos pois companheiros

Desta fadigosa viagem;

Se a esperança é imagem do gozo,

Adoremos essa imagem.

E cruzando este oceano

Com os olhos no porvir;

Esqueçamos no presente

Se horríssono bramir.

E quando enfim, já cansados,

Reclinarmos nossa fronte,

Que a esperança nos revele

Mais dilatado horizonte.